PARIS, 4 de março de 2010
Por Luigi Torre
Futurismo e ficção científica não são palavras novas para Nicolas Ghesquière, diretor criativo da maison Balenciaga. E mesmo assim, trabalhando dentro de sua área de segurança, o estilista consegue inovar mais uma vez. Da passarela luminosa à cada peça tramada na mais avançada tecnologia têxtil, a apresentação de Inverno 2010 da grife transformou materiais simples em roupas dignas da altacostura.
Num exercício de bricolagem, Ghesquière levou as texturas – uma das tendências da temporada – às últimas consequências. Com silhueta marcada e tecidos encorpados, ele misturou o opaco com o brilhante, o sintético com o natural, o liso com o áspero, o leve com o pesado, o rígido com o fluído. Às vezes tudo isso numa única peça, caso das jaquetas de ombros arredondados que abrem o desfile numa grande colagem de materiais. Tricôs viram vestidos compactos, de formas enrijecidas, ou então ganham volume quase abaloado quando a cintura é marcada e as calças são estampadas. As estampas, por sinal, confundiam os olhos. Vinham na trama do tecido, quase como blocos de cores em coordenações inusitadas, compondo imagens frescas e super up-to-date.
Relendo clássicos através de técnicas übercontemporâneas – como as rendas que viram tecidos perfurados a laser – Ghesquière transforma a sofisticação tradicional da Balenciaga numa moda quase que 100% industrial, em perfeita sintonia com nosso mundo apressado e digitalizado. O que podia ser apenas uma viagem dentro do universo futurista ou sci-fi, virou algo praticamente inexistente nessa temporada: moda possível e totalmente voltada para o futuro.