Assim como Miuccia costuma lançar suas provocações no masculino para depois lapidá-las no feminino, Julian Klausner parece ter adotado a mesma estratégia. Muitos dos elementos vistos em junho retornaram agora com ajustes, refinamentos e novas proporções.
Confesso que em vários momentos senti um quê de Consuelo Castiglioni, fundadora da Marni, com aquele maximalismo que nasce do encontro improvável entre cores e estampas. Mas não se engane: o DNA de Van Noten segue ali, pulsando. Klausner trabalha a partir de uma base sólida com cores explosivas, texturas riquíssimas, atmosferas que remetem a viagens, ao entardecer, a paisagens orientais e memórias quase cinematográficas.
E é impossível não destacar seu olhar para a cor. Um amarelo absurdamente vibrante, laranjas na intensidade do Aperol, rosas que quase eletrizam, verdes que parecem respirar por si só. Em meio ao excesso, a harmonia prevalece. Há ecos espanhóis, quase toureiros, e momentos em que paisleys escorrem pelos ombros como tatuagens no tecido.
O contraponto vem nos pés: pares de tênis que aterrissam tudo em um registro de realidade. Num tempo em que muitos tentam soar “cool” por meio da estranheza forçada, Klausner nos lembra que o futuro talvez esteja justamente em algo mais despretensioso. E, por que não, mais verdadeiro.