A moda de Carolina Herrera sempre foi aquela da garota mais bonita da festa. Seus vestidos sempre chamaram a atenção pelo glamour, pelo frescor do baile à americana com a vivacidade colorida das origens venezuelanas da estilista que dá nome à marca. Tudo embalado com design de qualidade de moda, claro. Desde que Wes Gordon assumiu a direção criativa da marca, em 2018, uma guinada rumo ao fashionismo tem sido mais evidente. Mas neste último desfile, realizado ontem (19) na emblemática Plaza Mayor de Madri (Espanha), o punch conceitual foi certeiro e trouxe aquele mix da feminilidade vibrante da marca com propostas fashionistas nos detalhes, daquelas que deslocam o olhar para algo que parece fora do lugar, quase inadequado, e por isso tão instigante, especialmente aliado à beleza geralmente tão fácil de gostar das roupas de Herrera.
Na prática, do que estamos falando? Para começar, do look de abertura que já dá o recado trazendo, no início, uma espécie de noiva, look que classicamente encerra as apresentações. Mas aqui ela não é noiva, mas sim uma viúva, inspirada nas dramáticas viúvas espanholas. A Espanha é a referência da coleção, o que cai como luva para a marca que já traz referências hispânicas latinas em seu DNA. E aí entram os cravos vermelhos na estamparia, os babados das saias flamencas, todos elementos que não são estranhos à grife. As saias dos vestidos de festa são exageradamente abertas e estrutruradas, o que traz já um código diferente. As mangas também maiores, duras, as anquinhas bem duas formadas pelo final do corset, tudo isso vai dando aquele toque a mais nas roupas, algo um pouco mais cerebral. No momento da camisaria, elas aparecem desconstruídas e assimétricas, o que é interessante e mais inesperado, assim como os supervolumes dos tops em flor e dos babadões. Uma coleção que impressiona, não? O que acharam?