Mudanças de rota são, às vezes, inevitáveis. Mesmo diante de estratégias bem desenhadas e direções criativas definidas, o mercado, o desejo do público e a percepção da marca exigem ajustes. A Burberry é hoje um exemplo claro disso.
Quando Daniel Lee assumiu, a ambição era clara: reposicionar a casa em um patamar ultraluxo. O resultado? Números em queda, percepção confusa e pouca conexão cultural. Foi aí que entrou Joshua Schulman, CEO com passagens por Michael Kors e Coach, convocado para recolocar a marca nos trilhos.
E a sintonia entre gestão e criação fez diferença. Daniel segurou as rédeas, pisou no freio e entregou uma coleção mais jovem, comercial e imediata. Nada de exageros ou silhuetas difíceis: pela primeira vez, talvez, apresentou algo verdadeiramente desejável. Os casacos (alma da Burberry) ganharam novas leituras, do trench azul-bebê com franjas à bomber em pink. Peças prontas para as ruas, para festas, jantares, festivais ou simplesmente atravessar um semáforo. Uma imagem leve, saborosa.
Há ainda a psicodelia e a silhueta seventies: blazer com flare coordenados, vestidos que flertam com a virada dos anos 1960 e 1970, época em que Londres vivia seu auge criativo e exportava estilo de vida para o mundo. O que fica claro é que Lee provou sua capacidade de sobreviver às pressões e transformar adversidade em força, entregando uma coleção sólida, real e conectada com o presente.