Simplicidade e minimalismo não são sinônimos — e a Auralee sabe disso. A marca japonesa, fundada em 2015 por Ryota Iwai, vive agora seu momento de hype ao completar uma década. Em um cenário em que o Japão está em evidência e a busca por peças não identificáveis cresce, o timing parece perfeito para uma etiqueta que não se propõe a reinventar a roda, mas a olhar para a casualidade sem medo.
O desfile apresentado hoje (24.06), em Paris, é mais um capítulo dessa construção em que a normalidade não é tratada como vilã, mas como protagonista. Os chinelos de dedo simbolizam isso ainda melhor do que as parkas, os suéteres amarrados despretensiosamente ou os moletons com bolso canguru. Nada parece excessivamente elaborado — embora a imagem de displicência seja, ironicamente, milimetricamente calculada.
Os looks monocromáticos reforçam a ideia de praticidade — e mostram que ela não precisa ser sem graça. Nem todo dia a gente quer se montar, e é bom ver que isso não é uma obrigatoriedade. Com tantos pensamentos e ansiedades rondando, talvez a resposta esteja justamente no conforto e na licença para ser normie.