Se tem uma coisa que Miuccia e Raf amam fazer é subverter, confundir e questionar — não seria diferente nesta temporada.
Os shorts acinturados, a silhueta ampulheta, a alfaiataria lânguida e o cenário com quê sci-fi, já haviam dado as caras no desfile masculino, em junho. Mas, claro, houve uma série de ineditismos, a começar por uma bolsa que foi escolhida do acervo da marca lá dos anos 1930, criada pelo próprio Mario Prada.
A década, inclusive, surgiu em alguns dos principais looks, com brilhos, cristais, e muitas franjas: metálicas, com ilhoses, algumas até com um quê que lemvravam os gladiadores. Elas remeteram ao inverno 2020 e 2009 que também era repleto de franjas e elementos dos anos 1920 – período que Miuccia adora explorar. Em um momento em que todos buscam exuberância, a Prada olha pro que sabe fazer de melhor: o ugly-chic.
“Nós tentamos fazer nosso melhor trabalho para criar coisas lindas para hoje. Isso até pode soar banal, mas é a verdade”, disse Miuccia em um comunicado – quando a designer que sempre foi zero afeita a atrelar seu trabalho “ao belo e à beleza” diz isso, é algo para se prestar atenção. E sabendo da dureza da realidade, Raf e Miuccia adicionaram a fantasia não apenas com a nostalgia, mas principalmente com o inesperado. Afinal quem esperaria que a trilha de Harry Potter surgisse ali?
Ao final, Fabio Zambernardi surgiu ao lado da dupla — o diretor de design da marca por quase quatro décadas anunciou recentemente sua saída, marcando o fim de uma era e deixando a curiosidade pairar. Quando o assunto é influência, a Prada não se limita apenas às roupas.