Há uma fórmula um tanto conhecida, tanto na moda, quanto na música, que assegura: “se algo se tornou mainstream, já não é mais tão cool”. Pharrell em sua estreia à frente da Louis Vuitton mostrou que essa máxima precisa ser reformulada. A escolha do artista, desde que foi anunciada em fevereiro, dividiu opiniões, levantou polêmicas e fez a indústria recalcular a rota, afinal quando a marca de luxo mais pop do globo aponta um não-estilista como diretor criativo, vemos o nascimento de um comportamento.
Claro, Pharrell está bem longe de ser um outsider, seja no mundo pop ou na moda. Quem além dele conseguiria reunir num mesmo front-row: Jay-Z, Beyoncé e todo um sortimento de estilistas e nomes-chave da indústria? Algo que só alguém com sua influência consegue – e sem grandes esforços, já que seu toque de Midas é reconhecido.
Se falta o técnico, ele recompensa na sensibilidade e pelo poder analítico. O criativo multifacetado tem um olhar apurado, onde consegue reunir uma leitura estrangeira de um norte-americano reinterpretando o estilo francês e também inserir códigos e conceitos do seu vocabulário: um bom mix das décadas de 1970 e 2000, a opulência do streetwear e colocar uma lupa nos acessórios.
Se o hype irá sobreviver para além do burburinho? O tempo dirá, mas, é inegável a sua expertise em causar desejo e gerar buzz, já que por alguns segundos quase esquecemos que estamos falando de uma marca centenária de malas e bolsas. Ali, as roupas são protagonistas e, acredito eu, que esse seja o melhor indicativo de que, sim, foi uma bela estreia.