Por Augusto Mariotti e Vinicius Alencar
A Saint Laurent ocupou as fontes do Trocadero, em frente à Torre Eiffel em Paris, para seu desfile de verão 23, na noite desta terça-feira.
E dessa vez, nada de um grande show de luzes ou jogo de espelhos, tão comuns as apresentações espetaculosas da marca. Anthony Vaccarello preferiu focar no poder das roupas. Ou seria dos ombros? Eles foram os protagonistas da coleção. Largos, arredondados e amplificados por martingales, eles deram forma e imponência a uma série de jaquetas e casacos em couro que se alongavam até o chão.
Também longos até o chão foram os vestidos justos, alguns semitransparentes, drapeados na altura dos quadris, cruzados na altura dos seios e arrematados por capuzes, numa clara referência à coleção de inverno 92 de monsieur Saint Laurent, porém impossível não lembrar de Grace Jones e Azzedine Alaïa. O designer tunisiano já vinha influenciando algumas marcas e designers desde NY e os capuzes já se tornam uma das apostas da estação.
Fortalecendo os que olham para o próximo verão de uma forma um tanto pessimista, Vaccarello evoca uma mulher opulenta, glamurosa, quase saudosista, mas essa “dark nostalgia” é zero solar. Misteriosa e quase distante, a mulher idealizada pela Saint Laurent esconde na mesma proporção em que revela. Esse esconde-esconde envolvente, sedutor e performático adiciona uma dose extra de suspense ao drama proposto pela Saint Laurent, que parece ter encontrado uma fórmula certeira e consistente, que agrada a imprensa, influencers e, claro, o grupo que detém a grife.