Quando a Calvin Klein anunciou em 2019 que iria descontinuar a sua linha de prêt-à-porter para focar em jeans e underwear, muitos viram a estratégia extremamente comercial um tiro no pé, outros colocaram em cheque o talento de Raf Simons – então diretor criativo, que era elogiado e criticado na mesma intensidade ao propor uma visão bem pessoal do legado de Calvin.
Corta para 2024, Veronica Leoni é apontada para ocupar um lugar que nunca até então limitado a homens (do seu fundador a Francisco Costa e Raf Simons). Eis que hoje (07.02), no segundo dia de NYFW, Veronica nos mostrou a sua visão da Calvin Klein, mas uma pista já tinha observado, a bio do Instagram da marca: “Iconic minimalism, effortless sensuality”.
Existe uma tríade do minimalismo na moda, Jil Sander pela excelência, Helmut Lang pela experimentação e Calvin Klein, que sempre propôs justamente essa sensualidade sem esforço. Sabemos bem que o minimalismo tende a ser enfadonho – é difícil materializar toda a complexidade e elaboração da simplicidade em roupas. Mas houve uma boa tentativa por parte de Veronica.
Quando surgiu na virada dos anos 1960 para 1970, ainda focado no masculino, CK propunha o essencial. Nos anos 1980, com seu jeans ultrasexy flertava com outros tópicos, em especial a casualidade e funcionalidade. E foi nos anos 1990, como sabemos, que conseguiu se firmar como o estilista que resumia o espírito do vestir norte-americano. Simples no efeito, elaborado na forma.
Carolyn Bessette-Kennedy, que inclusive foi assessora da marca nos 1990, ficaria feliz com o que foi mostrado na passarela. Há um exercício bem trabalhado de silhueta, textura e combinação. E há muita realidade também, com looks que poderiam ser vistos tranquilamente entre new yorkers em restaurantes sofisticados. O que devemos ter em mente é: Calvin Klein é uma fonte de inspiração para toda uma nova geração, mas será que conseguirá causar desejo em meio a tantas marcas que ocuparam esse lugar? O tempo dirá!
