Gostar de moda e gostar de roupa são duas coisas distintas, não parece, mas acredite… é. Porém, em alguns momentos muito únicos, há essa junção, essa alquimia em que a moda e as roupas se encontram e nasce daí esse sentimento, que emociona enquanto imagem, enquanto história e roupa em seu sentido extraordinário. Hoje (10.04) esse encontro aconteceu em um dos ambientes renovados do Complexo Cultural Júlio Prestes. Quem fez essa proeza?
Exímio estilista apaixonado por moda e por roupa, João vive um momento especial na sua carreira, o desfile passado foi forte e este, já antecipo, ainda mais. Aliás, esse desfile entra como um dos mais especiais da sua carreira e, eu diria, até mesmo da historia da SPFW. Da trilha ao vivo, a locação e, obviamente, as roupas. Elas não me deixavam piscar, pode parecer exagero, mas mostrar a alfaiataria, um campo tão limitado e engessado é algo que merece elogios – sem dúvidas, o styling de Renata Correa ajudou nessa construção especialíssima.
Os ombros esculpidos, as calças cujas barras impressionavam, ou melhor, todos os detalhes: as pences, os bolsos, o corte absurdo, o caimento do tecido que pareciam derreter quando os modelos andavam. Realmente é uma quase magia lembrar que as roupas quando bem executadas têm esse apelo espetacular que as tiram da casualidade do meramente vestir. Os shorts, o patchwork, os drapeados, os volumes… O look com calça do avesso resume isso: a construção, o avesso, são tão absurdos que merecem sim serem desfilados como protagonistas.
Ao final, aplaudido de pé, ou melhor, ovacionado. Assim como muitos presentes, corri para abraçar João ainda sob o efeito do desfile, pois ele tem esse dom de nos lembrar os lugares impossíveis que elas, as roupas, podem nos levar.