A Balenciaga fez seu aguardado retorno aos holofotes na manhã deste domingo, em Paris.
Numa sala toda branca, nada de lama, bolsas de sacos de batatas fritas, questionamentos sociais nem logos.
No primeiro desfile após o cancelamento provocado pela polêmica campanha e respostas da marca ao ocorrido, Demna disse, através de um texto, que queria retomar sua relação de amor com as roupas que nos últimos tempos vinham sendo eclipsadas pelo entretenimento e estratégias de marketing. Estratégias estas focadas em causar buzz e acabaram por contaminar toda a indústria da moda.
O que se viu então na passarela foi uma coleção segura e sem grandes novidades, a começar pela sequência inicial de conjuntos de alfaiataria com blazers de 6 botões traspassados de ombros exagerados combinados a calças e saias.
Para não dizer que Demna deixou de lado suas estranhices, moletons de capuz com formas quadradas apareceram combinados óculos escuros tipo máscara e botas de motocross. Eles deram passagem para uma sequência final de vestidos de noite austeros que parecem indicar que agora o foco da Balenciaga é recuperar o prejuízo causado pelos estragos na imagem – as vendas do quarto trimestre na divisão de marcas da Kering, que inclui a Balenciaga, caíram 4% em relação ao ano anterior.
Como o efeito da dopamina, após um grande momento de excitação, a pergunta que fica é: a Balenciaga se sustentará só com belas roupas? As roupas bem executadas e protagonistas serão suficiente para manter seus atuais consumidores interessados depois alimentá-los com uma fórmula baseada em marketing viral criada e expandida por eles?