Jonathan Anderson, à frente da Loewe tem se mostrado um dos diretores criativos mais vanguardistas da atualidade, se aventurando a criar a moda do agora sem prender-se à nostalgias, referências ou silhuetas passadas em um trabalho admirável e experimental, nas formas e tecidos.
Nessa coleção, a Loewe flerta o surrealismo – vale lembrar que a marca é de origem espanhola, bem como Salvador Dalí, um dos grandes representantes da corrente estética. Estruturas plásticas, balões e formas infláveis, que simulam lábios no lugar de tops, as mesmas bexigas de plástico também aparecem encaixadas nas tiras dos sapatos e na altura do busto, como se fossem tops ou sutiãs com mamilos, quem sabe, uma brincadeira de Jonathan Anderson com a censura das redes sociais com mamilos femininos, como se desafiasse as inteligências artificiais a descobrirem quais mamilos são verdadeiros e quais são bexigas perfeitamente posicionadas.
Vestidos e camisas de couro recebem um tratamento para imitar a fluidez e o movimento dos tecidos enquanto caminham, mas também é parte de um jogo de efeito já que a peça é rígida e os movimentos fixos. Os sapatos por baixo dos vestidos semi-transparentes “revelam” o segredo da silhueta ousada que Jonathan Anderson tem trabalhado há algumas coleções na marca, em vestidos e calças, enquanto outras peças tem o claro contorno de um carro sob o tecido. Vemos referências diretas à Elsa Schiaparelli, que foi, historicamente uma das principais designers a realizarem esta ligação entre moda e arte, mais especificamente, o surrealismo. O Trompe L’oeil e as estampas de ilusão de ótica também são muito presentes, imitando mãos, corpos e golas sobre as peças lisas.
Por outro lado, Jonathan Anderson também não deixa a desejar nas peças mais clássicas e menos ousadas. Casacões, cardigãs, calças e croppeds bastante vestíveis aparecem com construções primorosas, bem como alfaiataria precisa, aparente nos blazers.