Na Balenciaga, Demna afirma que o desfile não precisa de grandes explicações, é uma homenagem ao povo da Ucrânia, a ver pelos dois looks finais, com as cores da bandeira do país e pela camiseta dada aos convidados, que o próprio Demna vestia no backstage. O designer contou, através de uma nota postada no Instagram da marca, que foi transportado para 1993 quando seu país de origem estava em situação de guerra e ele teve que se tornar um refugiado. Isso o fez considerar cancelar o show, pois em momentos como esse, a moda para ele não tem muito sentido.
E ele nos entregou um show grandioso, realizado dentro grande redoma de vidro circular e devassado por uma tempestade de vento e neve tão realista que fez com que os modelos caminhassem com certa dificuldade sobre os saltos pontudos.
Em vários looks, o casting carregava bolsas que mais se pareciam sacos plásticos, similar aos usados em acampamento, por retirantes ou mesmo por refugiados. Já outros modelos icônicos da marca, como a Hourglass e a Cagole recebem versões em tamanho maxi.
Nas roupas, as ombreiras e casacões oversized estruturados da Balenciaga dão lugar a silhuetas mais secas e fluídas, como vestidos grudados ao corpo e longas caudas em tecidos fluidos, que se movimentavam quase violentamente com a tempestade da passarela. A paleta de cores, sóbria, se limitou quase exclusivamente aos pretos-e-brancos, salvo alguns pontos de cor ao longo da coleção. Uma das imagens dessa marcante coleção é o body feito de fita adesiva, que simulava faixas de segurança e isolamento, enrolada sobre a modelo (e que Kim Kardashian também usava na fila A), como se fosse a última alternativa de vestimenta em uma situação onde o que menos importa é o look do dia.