Sempre um dos mais excitantes desfiles da temporada, a Schiaparelli abre a semana de Alta Costura em grande estilo. Pela primeira vez desde 2019, vemos os looks da Schiaparelli em movimento, cruzando as passarelas em um desfile exuberante e ainda extremamente delicado. Os grandes volumes das peças, que destacaram Daniel Roseberry na direção criativa da Maison são editados para silhuetas mais enxutas e simples, bem como as cores fortes – como o rosa -, em uma coleção composta praticamente apenas de peças em preto, branco e dourado. O designer afirma que os volumes, cores e exuberâncias, bem como outros artifícios dos coutouriers não pareciam fazer tanto sentido com o retorno das restrições sanitárias da pandemia.
O surrealismo segue fortemente presente e, mais do que nunca, parece que Roseberry quis prestar homenagem à fundadora da Casa, Elsa Schiaparelli, com a reedição de estampas, peças e silhuetas inicialmente criadas pela estilista, como os vestidos bordados com imagens do zodíaco, os vestidos pretos acinturados e com detalhes em dourado – que aqui recebem até uma reinterpretação que simula um corset sobre o vestido – e as técnicas de drapeado. Sobre o corpo das modelos, as criações de Daniel Roseberry parecem esculturas, e não apenas roupas, e esse destaque se estende aos calçados, joias e acessórios também apresentados. É interessante a forma como o designer trabalha os materiais, principalmente as peças em dourado, presentes em quase todos os looks mas manipulados de inúmeras formas, ora mais fluidos e leves, ora mais rígidos como estruturas metálicas e ora como bordados. O dourado é imponente e forte ao mesmo tempo que delicado e sensível, em boa analogia para a coleção.