Na última semana, quando apresentou sua coleção para a Y/Project, Glenn Martens chamou a atenção com estamparias digitais que se assemelhavam ao trabalho de Jean Paul Gaultier no passado. A questão, é que o designer (além da Diesel), também estava trabalhando na nova coleção de Alta Costura da Gaultier que foi apresentada hoje em Paris. Há algumas temporadas, a maison anunciou que funcionaria neste modelo colaborativo: sem um único diretor criativo fixo e convidados escolhidos pelo próprio Gaultier a cada coleção.
A nova coleção da Jean Paul Gaultier, sob a ótica de Martens - que teve uma breve passagem pela etiqueta como designer júnior - tem tudo que poderíamos esperar e mais um pouco: uma reinterpretação dos mais icônicos códigos e assinaturas da casa. Há uma dramaticidade e glamour quase gótico, que nos remete imediatamente às coleções dos anos 90. A lingerie como roupa, os corsets apertadíssimos - mas que não limitam o casting apenas a modelos magérrimas - cuja amarração desce pela saia de um vestido, a androginia dos ternos milimetricamente cortados, as estampas de efeito óptico transformam listras à la marinière em zebrado e dão volumes 3D às segundas peles .
Reinterpretar e relembrar códigos de uma marca tão icônica e ainda muito recentes pode ser uma tarefa desafiadora, principalmente de épocas em que os valores são tão diferentes dos atuais, mas Glenn Martens, em sua primeira coleção de Alta Costura, atualiza os designs da marca com maestria, ousadia e sofisticação ímpar.