“Simplicidade é complexidade resolvida”, foi parafraseando Brancusi que Pierpaolo Piccioli resumiu a alta-costura da Valentino desfilada no infame Castelo de Chantilly nos arredores de Paris. Em um momento que a cidade está passando por um efervescente cenário político-social é interessante observar como as maisons tendem a romantizar sua aura, afinal “Paris é Paris”.
E se há atualmente um mestre em fazer sonhar é, sem dúvidas, Pierpaolo. Este não é um sonho saudosista ou datado, por mais que tenha um elemento aqui ou ali que nos transportem e dialoguem com períodos históricos. Em meio a esse conto de fadas uma calça jeans surge para nos lembrar que a realidade pode e deve ser também vivida em seu ápice.
A camisa branca como uma nuvem liberta e entreaberta nos entrega essa vontade despretensiosa de delírio, claro ela vem seguida por capas decorativistas, bordados, túnicas gregas, flores gigantes, recortes, volumes, drapeados, tudo de tirar o fôlego e aí é como se fosse um despertar cheio de brisa, movimentos e desejos. Talvez soe um pouco exagerado, mas dos momentos que a moda definitivamente nos faz suspirar – a trilha da Anohni, claro, foi o melhor arremate que os 76 (!) looks poderiam ganhar.