PARIS, 5 der março de 2010, Por Luigi Torre
Não foi nada surpreendente ver a Dior abordando uma vez mais o tema equestre para seu inverno 2010. final, foi esse mesmo pano de fundo que deu o tom a seu desfile de altacostura apresentado em janeiro desse ano. Depois de trovões e sons de cavalos galopando e relinchando, John Galliano colocou na passarela um de seus temas favoritos nos últimos tempos: aquela moda retro, cheias de elementos do século 18 e 19. Assim, vestidos levinhos, cheios de babados, eram sobrepostos por jaquetas de couro pesadas, quase masculinas, em proporções over, quase como que emprestadas do sexo oposto. O jogo entre o leve e o pesado, se faz recorrente ao longo de todo o desfile, onde blusas ou camisas em tecidos mais finos, vem combinadas com saias lápis das mais tradicionais, jodhpurs dignos de cavaleiros do século passado com camisas e blazeres levemente ajustados as formas femininas e até um bom macacão de jérsei de seda, responsável por um dos raros momentos de contemporaneidade no desfile. Não é bem o fato do prêt-à-porter ser uma continuação da haute-couture (fato recorrente nas últimas coleções da grife), que desagrada nessa mais recente apresentação. Mesmo porque agora as roupas se mostram em desdobramentos muito mais interessantes, bem resolvidos e mais explorados do que naquela moda de altíssmo luxo. Mas no meio daquela alfaiataria impecável que Galliano já se fez conhecido por, e dos seus vestidos soltos no corpo, muitos vezes no seu tão querido corte em viés, parecia haver algo fora do lugar. Alo deslocado no tempo. É que nada do que foi visto traz algum abordagem nova à Dior. A visão de Galliano continua calcada no passado da marca, quase que se fechando dentro do próprio universo. Como se àquela mulher não estivesse inserida em diferentes contextos ou realidades. Não se questiona a expertise técnica desse estilista, mas tratando-se de John Galliano, esperamos sempre um pouco mais do que uma segurança retrô.