O som de BH: como o funk mineiro virou referência nacional
Entre beats mais lentos, sotaque próprio e a força das montagens, Belo Horizonte consolida seu lugar no mapa do funk brasileiro.
Entre beats mais lentos, sotaque próprio e a força das montagens, Belo Horizonte consolida seu lugar no mapa do funk brasileiro.
O som de BH: como o funk mineiro virou referência nacional
Entre beats mais lentos, sotaque próprio e a força das montagens, Belo Horizonte consolida seu lugar no mapa do funk brasileiro.
Entre beats mais lentos, sotaque próprio e a força das montagens, Belo Horizonte consolida seu lugar no mapa do funk brasileiro.
Depois de mergulhar no funk paulista, no carioca e até no funkhall, a gente volta os ouvidos para Minas Gerais, um estado que vem transformando o ritmo em uma nova linguagem sonora.
Antes de tudo
O funk em Minas Gerais começou a se consolidar como cena própria ainda no fim dos anos 1990 e início dos 2000, nas periferias de Belo Horizonte – como nos bairros de Vilarinho e da Serra. Produtores como MC Delano, com faixas de 2014 como ‘‘Na Ponta Ela Fica’’ e ‘‘Devagarinho’’, são apontados como precursores que ajudaram a moldar a estética mineira: batidas mais lentas, influências de samba, cavaco, agogô, já misturadas ao funk.
Diferenciação sonora
Com o passar dos anos, a cena se diferenciou por elementos específicos: o sotaque mineiro, gírias regionais, beats mais lentos e efeitos de delay e reverb. Em 2018, a faixa ‘‘Parado no Bailão’’, de MC L da Vinte e MC Gury, ganhou projeção nacional – um marco de que o funk mineiro rompia o alcance local. A partir daí, festas, bailes e coletivos em Belo Horizonte passaram a criar uma estética própria, sem depender dos moldes cariocas ou paulistas.
As montagens
Foi nas MTGs – montagens que misturam vozes e trechos de músicas de outros estilos – que o funk mineiro se espalhou pelo país atualmente. No TikTok, elas tomaram conta das trends e transformaram o gênero em trilha de comportamento. DJs como Luan Gomes e Topo remixaram clássicos de Mart’nália e Seu Jorge em faixas que ocuparam o topo das paradas em 2024. É ali que o funk de BH mostrou de fato sua força criativa: unindo MPB, pop, sertanejo – e até Billie Eilish – sem perder o seu beat base.
Passinho de BH
Se o som mineiro tem identidade própria, a dança também. O passinho de BH surgiu entre 2017 e 2018 nas periferias de Belo Horizonte, como uma resposta corporal ao ritmo mais cadenciado e metálico do funk local. Misturando movimentos de miami bass, passinho carioca e gestos de improviso típicos dos bailes mineiros, a dança ganhou um estilo próprio – mais baixo, com giros rápidos e pausas marcadas. O viral veio em 2019, quando um vídeo do dançarino MV Oliveira circulou pelas redes ao som de ‘‘Nois Come e Passa pro Amigo’’, de MC MR Bim, e colocou o passinho no mapa nacional.
Baile Room: do underground ao global

E se o funk mineiro encontrou sua força nos bailes, a Baile Room transformou essa energia em movimento global. Criada em 2018 por D.A.N.V, Kingdom, VKKramer e VHOOR – integrantes do coletivo A Baile -, a festa nasceu como uma “versão mineira” da Boiler Room, misturando funk, house e phonk com uma estética de pista internacional. Depois de mais de 30 edições e muita fumaça nas pistas de BH, a brincadeira virou realidade: em abril deste ano, a Baile Room e a Boiler Room se uniram em uma edição histórica na capital mineira, colocando Belo Horizonte no circuito mundial da música eletrônica.
O sucesso da collab resultou em “A Baile Vol. 1”, álbum de estreia do coletivo e marco da profissionalização do funk mineiro. Com participações de nomes como MC Magrinho, MC CL e MC7 Belo, o projeto reafirma a vocação global da cena de BH – que agora exporta não só batidas, mas também uma visão própria de futuro para a música periférica brasileira.
De BH para o mundo
Com o avanço das redes, essa cena underground encontrou escala. Artistas como MC Rick e Vhoor levaram o som das periferias de Belo Horizonte para playlists globais, consolidando o gênero fora do eixo Rio–SP. Hoje, o funk mineiro toca tanto em festas internacionais quanto nas timelines do país e reafirma que a cultura digital é sim uma extensão natural do baile funk brasileiro.