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    Abappur, a moda como escultura

    Com direção criativa das irmãs Raíza e Samara Lara Marques, a marca aposta no couro como linguagem e no fazer manual como manifesto.

    Abappur, a moda como escultura

    Com direção criativa das irmãs Raíza e Samara Lara Marques, a marca aposta no couro como linguagem e no fazer manual como manifesto.

    POR Laura Budin

    A Abappur é fruto da cumplicidade entre as irmãs Raíza Lara Marques e Samara Lara Marques, que dividem não só a vida pessoal, mas também a direção criativa da marca. Filhas de uma artista plástica e de um inventor, cresceram em um ambiente onde a criação era inevitável, e transformaram essa herança em uma estética que atravessa moda, arte e design. O couro moldado, técnica que se tornou a assinatura da Abappur, traduz esse desejo de unir artesania e experimentação, transformando matéria-prima em peças que mais parecem esculturas usáveis.

    O caminho até aqui não foi linear: começou como um projeto de faculdade, se guardou na memória por anos e voltou com força quando as irmãs decidiram que queriam algo verdadeiramente delas. Desde então, a marca funciona como um ateliê-laboratório, em que cada coleção nasce de desejos e encontros, seja com materiais como metal e tricô, seja com parceiros criativos como a Moncos. Entre ousadia, técnica e afeto, a Abappur se firma como uma voz singular dentro da moda autoral brasileira, provando que processos manuais podem ser tão luxuosos quanto inovadores.

    De onde vem a força criativa de vocês como dupla? Como a cumplicidade entre irmãs influencia diretamente na construção estética e nos processos da Abappur?
    Acreditamos que nossa força criativa vem, antes de tudo, da nossa base familiar. Nossa mãe é artista plástica e nosso pai, inventor, então acho que não tínhamos muita escolha a não ser seguir por esse caminho. A criação sempre foi algo muito presente e estimulado no nosso cotidiano, independentemente da área que escolhêssemos. Nossa cumplicidade foi o catalisador que fez essa força aflorar, e criar juntas é, de longe, o que mais amamos fazer.

    Essa cumplicidade influencia nossos processos por meio do diálogo. Temos visões, gostos e pontos de vista muito distintos, mas a troca constante sempre nos faz convergir para um ponto em comum. E, às vezes, quando não chegamos a um consenso, sabemos analisar e respeitar profundamente a opinião da outra. Como nossa relação ultrapassa a barreira do trabalho e se mantém na vida pessoal, nos conhecemos extremamente bem – sabemos os gostos e as limitações uma da outra, o que facilita muito na hora de criar. A gente sempre brinca que, além de irmãs, escolhemos ser amigas e sócias.

    O couro moldado é um elemento-chave no trabalho de vocês. O que esse material representa dentro do universo criativo da marca e quais desafios ele traz no dia a dia do ateliê?
    O couro representa o início da marca e é, por enquanto, o nosso “protagonista” em termos de matéria-prima. Foi o primeiro material com o qual quisemos trabalhar e é através dele que nos expressamos de maneira mais sincera e absoluta. Ambas nos expressamos muito manualmente, e o couro nos permite registrar cada gesto e intenção que queremos imprimir nas peças.
    Os desafios, no entanto, são muitos. O mercado de couro ainda é dominado majoritariamente por homens, assim como os fornecedores com os quais temos contato. Existe uma barreira ou um certo preconceito contra empreendedoras mulheres jovens que não têm um homem à frente do negócio. Por conta disso, adquirir conhecimento, matéria-prima de qualidade e até entender a nomenclatura específica dos artigos se torna uma tarefa difícil.

    Tirando isso, o couro é um material incrivelmente versátil, que permite infinitos acabamentos, testes e texturas. O desafio criativo constante é descobrir, a cada nova ideia, se o couro vai se moldar à nossa visão ou se seremos nós que nos moldaremos a ele (risos).

    Cada coleção tem um conceito muito particular. Como vocês transformam ideias e sentimentos em peças tridimensionais e palpáveis?
    Acreditamos que o primeiro passo é partir de uma vontade, um desejo ou uma inspiração, que tentamos traduzir em um signo, uma textura ou um volume específico. A partir daí, começamos com experimentações manuais, como maquetes ou protótipos, que dão o pontapé inicial a tudo.

    Para dar um exemplo, nossa última coleção, “Encontros”, feita em parceria com a Moncos, nasceu do desejo de explorar não apenas materiais diferentes, como tricô e metal, mas também novas texturas no próprio couro. Foi dessa vontade que surgiram peças como o nosso porta-isqueiros e a técnica de couro tramado que marca a coleção.

    A Abappur transita entre moda, design e arte. Vocês se enxergam mais como estilistas, artesãs ou artistas, ou é justamente nessa mistura que mora a identidade da marca?
    Definitivamente, é na mistura que reside nossa identidade. Grande parte do nosso processo criativo e da nossa realização pessoal está atrelada ao fato de fazermos as peças manualmente. Acreditamos que, para criar com verdade e autoridade, é preciso saber fazer, entender cada etapa, cada dificuldade e os limites do material. É esse entendimento completo do processo que dá solidez ao que criamos.

    Pensando no futuro, quais territórios vocês ainda querem explorar, seja em materiais, parcerias ou formatos de apresentação da Abappur?
    Para o futuro, nosso desejo é explorar cada vez mais não apenas novas matérias-primas, mas também técnicas brasileiras, valorizando e demonstrando o enorme potencial do trabalho manual do nosso país. Queremos ajudar a provar, mais uma vez, que a moda brasileira tem um potencial extraordinário e pode apresentar um produto de altíssima qualidade para o mercado nacional e internacional. Nossa missão é seguir sendo uma marca de slow fashion autoral, pois acreditamos que o mercado e o mundo já estão saturados de fast fashion.

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