De adidas a prada: o que a moda ainda não aprendeu sobre apropriação
cultural?
Mesmo diante de tantas discussões e informação abundante sobre apropriação cultural, grandes marcas ainda insistem em usar elementos de uma cultura sem envolver quem os criou.
De adidas a prada: o que a moda ainda não aprendeu sobre apropriação
cultural?
Mesmo diante de tantas discussões e informação abundante sobre apropriação cultural, grandes marcas ainda insistem em usar elementos de uma cultura sem envolver quem os criou.
O caso da adidas e Willy Chavarria com o Oaxaca Slip On escancarou que, apesar de tantas discussões, grandes marcas ainda usam elementos culturais sem envolver quem os criou. Inspirado nos huaraches tradicionais do México, o modelo foi produzido na China, sem participação dos artesãos locais, e ganhou notoriedade nas redes após duras críticas ao lançamento. Após ações legais do governo mexicano, a adidas pediu desculpas e prometeu compensação às comunidades.
Poucas semanas antes, na passarela masculina em Milão, a Prada apresentou sandálias similares com os tradicionais Kolhapuri chappals da Índia, sem mencionar sua origem. Logo em seguida, a pressão de artesãos e políticos do país fez a marca reconhecer a inspiração e iniciar conversas para colaborar com produtores locais.
A apropriação cultural acontece quando elementos de uma cultura, especialmente de grupos marginalizados, são utilizados por membros de uma cultura dominante sem o devido respeito, reconhecimento ou compreensão do seu significado original. Em vez de valorizar, banaliza, descontextualiza e explora esses elementos para fins, muitas vezes, comerciais, fomentando estereótipos.
Na contramão desse distanciamento entre inspiração e apropriação cultural, há marcas que estão encontrando formas de fazer diferente. Em 2019, a Dior convidou artesãs marroquinas para colaborar diretamente em peças da coleção Cruise 2020, apresentada no Marrocos, garantindo visibilidade, remuneração e preservação das técnicas tradicionais do país.
Em sua mais recente coleção, a Misci em parceria com a Riachuelo, desenvolveu peças em parceria com bordadeiras do Rio Grande do Norte, levando o trabalho artesanal até o Festival de Cannes, com Camila Pitanga promovendo o artesanal brasileiro para o mundo. Mesmo diante de bons exemplos, com ética e respeito, algumas marcas ainda insistem em fazer referências à criações de diferentes culturas sem o devido reconhecimento e valor.