Uma peça que transcende o universo da moda e se inscreve na história do luxo foi vendida pela quantia recorde de €8,6 milhões (cerca de US$10 milhões). O leilão aconteceu pela Sotheby’s nesta quinta, 10. Trata-se da primeira bolsa Birkin já produzida pela grife francesa Hermès — item que não apenas quebrou todos os recordes anteriores como também se consagrou como a bolsa mais cara já leiloada no mundo.
O acessório, em couro preto, traz marcas visíveis de uso, como riscos e manchas, resultado de quase uma década de uso diário por Jane Birkin, atriz e cantora britânica que inspirou a criação do modelo. Ela utilizou a bolsa entre 1985 e 1994, período em que a peça passou de objeto funcional a ícone absoluto de status e elegância, segundo a CNN.
A venda, realizada de forma online, atraiu atenção global e reuniu colecionadores de peças raras da moda. Entre os itens ofertados estavam criações de estilistas como Alexander McQueen e Christian Dior. A Sotheby’s não revelou uma estimativa prévia para a Birkin original, mas os lances iniciais já superaram €1 milhão. A disputa, transmitida ao vivo, teve duração de cerca de dez minutos e envolveu nove interessados, culminando na vitória de um comprador particular japonês.
A peça ultrapassou com folga os valores anteriormente registrados para bolsas de luxo. Em 2022, uma Birkin “Diamond Himalaya” cravejada de diamantes reuniu cerca de US$450 mil. Antes disso, em 2021, uma bolsa de crocodilo foi arrematada por quase US$390 mil pela Christie’s. Até então, o recorde pertencia a uma bolsa Kelly feita com pele de crocodilo e enfeitada com diamantes, que chegou a US$513 mil.
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Estado da Birkin
Ao contrário das Birkins contemporâneas, mantidas em estado impecável por seus proprietários, o modelo original possui uma abordagem prática e pessoal por Birkin. A artista britânica costumava carregar objetos do cotidiano, como cortadores de unha — dois deles, prateados, ainda estão pendurados na alça da bolsa leiloada. Também permanecem visíveis adesivos de ONGs como Médecins du Monde e UNICEF, que refletem o engajamento social da artista.
Após Jane Birkin comprar a peça em 1994 para apoiar pesquisas sobre a AIDS, a bolsa passou por diversos donos. Sua última aparição pública havia sido em exposições no Museu de Arte Moderna de Nova York e no Victoria & Albert Museum, em Londres.
A Sotheby’s destacou nas redes sociais que o modelo vendido tem características únicas em relação às Birkins posteriores: formato distinto, ferragens diferenciadas, anéis metálicos e as iniciais “J.B.” gravadas na aba frontal.