Margiela é o nome mais influente que se tem notícia e isso não vem estampado em letras garrafais, mas sim no melhor estilo “if you know you know”. De Demna ao próprio Glenn Martens, todos beberam da fonte do misterioso designer belga que criou sua marca no início dos anos 1990 e desde então a moda nunca mais foi a mesma. Tanto que Martens, assim que foi anunciado para assumir a marca, parecia o nome ideal para uma posição tão difícil de ser ocupada.
Em uma das entrevistas pré estreia, ele já havia anunciado que queria pegar todos os códigos que Martin tinha criado e mostrar que eram dele: as máscaras, o jeans, a alfaiataria desconstruída, o efeito óptico trompe l’oeil, o plástico, a tapeçaria… Se Galliano foi um sonho louco, Martens parece colocar as coisas no trilho, onde a fantasia permanece, mas o legado volta – e volta em alta potência.
O vestido de plástico que abre o desfile já mostra tudo o que ele quer deixar bem claro: um longo que remete a coleção de inverno 1992. Se Martin gostava de brincar com o efeito e a plasticidade, ele fazia tudo virar plano: pele vira estampa, tapeçaria vira padronagem, floral se torna tatuagem. Ao ver o desfile lembrei de uma frase creditada a ele: “uma experiência que não muda nada dificilmente vale a pena”.
E ali o cetim vira denim, couro vira plástico e vice-versa. Na Diesel, Glenn já tinha esse dom que lapidou e mostrou hoje em sua melhor versão: aplicação 3D, rendas, aparições fantasmagóricas, criaturas botânicas e mágicas. As máscaras, que vale dizer foram introduzidas durante a passagem de Matthieu Blazy na Margiela, voltaram em sua máxima nessa coleção Artisanal, como a Margiela chama sua couture. Artesanal no seu máximo grau. Que estréia. Muito Glenn, muito Martin.