Assistir à coleção de verão 2026 da Prada foi entender, de uma vez por todas, como a entrada de Raf Simons na marca foi uma decisão acertada de Miuccia. Os dois tem muitas similaridades, até mais que diferenças — e, sem dúvida, ela sabia disso muito antes de todos nós.
Mas e a coleção em si? Um sopro de nostalgia, de outros tempos — e isso não significa necessariamente passado, ok?
O cenário, como sempre, já provocava alguns questionamentos: uma escada vertiginosa e confusa ao fundo conduzia a um jardim de flores gigantes, que remetem não apenas a um dos símbolos mais recentes da marca, mas também à liberdade dos anos 1960 e às flores serigrafadas por Warhol na mesma década. Vale lembrar: é ali, nos anos 1960, que o jovem passa a ser jovem — é quando o conceito de juventude… floresce.
O jogo central é bastante claro: outdoor versus indoor, tema recorrente na Prada. Há peças esportivas feitas em tricoline, assim como materiais técnicos usados como base para o clássico casaco A e para peças de alfaiataria. Trata-se de um verdadeiro pout-pourri da marca. A linha masculina, lançada em 1993 e desfilada pela primeira vez em 1998, desde então brinca com o vestir masculino, sempre com uma dose de estranheza e um humor nada literal.
É sempre interessante observar como a Prada enxerga os dias de verão — e esta talvez seja uma das coleções mais solares em tempos recentes: micro, micro shorts; calças flare encurtadas; camisas longas usadas sem calça; decote canoa; e calças jogging combinadas com chinelo de dedo. Afinal, é sempre preciso dar aquela boa cutucadinha nas convenções.
Assim como o mundo, a Prada não romantiza apenas o passado — ela recorre a imagens reconfortantes para, a partir delas, conseguir seguir adiante. Rumo ao futuro.