O Reino Unido vive um dos seus momentos mais instáveis, não que seja mérito apenas dela (afinal basta olharmos para o mundo), mas o Brexit e a morte da sua última grande monarca, sem dúvidas, foram dois pontos determinantes para esse momento menos presente no imaginário coletivo. Isso se reflete também criativamente, com a #LFW sofrendo para ir além da bolha.
Sendo a Burberry a grande marca inglesa e a que mais resume o vestir britânico, coincidentemente isso também tem refletido, já que sabemos que a crise na marca não é nenhuma novidade. Daniel Lee segue patinando em busca dessa nova imagem com um grande desejo de ser sofisticada, lapidada e jovem. O desfile de hoje (24.02) foi mais um desdobramento desse modus operandi.
Há volumes inesperados, que remetem até seu amigo de métier, Matthieu Blazy (vale lembrar que eles são da mesma escola aka Phoebe Philo). E como não há também tempo, espaço e dinheiro só para experimentações, o trench segue sendo o mote – o modelo Radcliff dos anos 1960 serviu de ponto de partida. A parte mais interessante é meio seventies e vitoriana, com veludos encorpados e mangas bufantes que vazam romanticamente pelos blazers. A sensação final é que Lee olha para o passado, mira no presente, mas infelizmente esquece do presente.