A brasileira SSJHENI estreia na London Fashion Week
Tudo sobre a estreia da jovem criativa da nova safra de talentos independentes na semana londrina
A brasileira SSJHENI estreia na London Fashion Week
Tudo sobre a estreia da jovem criativa da nova safra de talentos independentes na semana londrina
De camiseta tie dye e boné virado para trás, a designer Jheni Ferreira, 28, se mostrava ansiosa ao noticiar a nova etapa de sua marca SSJHENI em entrevista ao FFW. Sua marca havia sido convidada para desfilar suas peças de upcycling e rework na próxima temporada da London Fashion Week em setembro.
A criativa e artista (como ela prefere ser referida) da SSJHENNI, criou a marca somente em 2019 e já tem entre fãs de suas criações grandes nomes da nova MPB como Marina Sena, Luisa Sonza, Manu Gavassi e Pabllo Vittar – para ela, Jheni produziu o vestido usado na capa de do álbum Batidão Tropical.
Parte da nova cena brasileira de criadores autorais, a moda entrou na sua vida através de suas referências familiares que foram fundamentais para formular seu imaginário pop. “Eu nasci quando minha mãe tinha só 15 anos. Eu era filha de uma criança. Minha mãe me colocou num curso de costura e eu era muito ruim nisso, apesar de gostar. Meu pai é cabeleireiro, fã das divas, Madonna e Britney Spears. Ele tinha coleção de DVDs das duas e botava na TV para eu e minha irmã vermos, e isso me influenciou muito.” Apaixonada pela estética dessas figuras do pop internacional, ela lembra sobre as blusas cortadas, a barriga de fora que dominaram a mídia e definiram a estética da juventude nos anos 2000.
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“Eu fazia brechó na faculdade, vendia peças garimpadas com amigos, família, igrejas e centros espíritas em Marília onde estudava para pagar as contas. Levava as sacolas pra faculdade para vender pros colegas. Eu estudava minhas clientes, eu sabia os gostos e estilos de cada uma e fazia meus garimpos já com isso em mente”
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De uma maneira totalmente livre, Jheni começou desconstruir peças de garimpo cortando mangas, aplicando patches, sempre dando novo astral nas roupas, lembrando do ofício da bisavó e tias que faziam roupas de festa e noiva no sítio utilizando a técnica de patchwork.
A descoberta do potencial do upcycling
Mas foi quando passou uma temporada na Suécia que ela percebeu como a cena de brechós era forte . “Lá eu notei que brechó era algo legal, que vendia itens de colecionadores. Daí fui pra Paris e conheci um monte de marca de upcycling”, relata.

Encorajada a criar sua marca em 2019, a designer começou a fazer arte em tecido, mesmo sem entender de acabamento. Ela lembra de um moletom que ganhou de sua avó quando tinha 10 anos de idade que sua mãe iria jogar no lixo. E ela, que se diz apegada as memórias da roupas, resgatou a peça e começou a fazer recortes e modificações na peça que hoje é conhecida como o vestido Fatale. Foi nesse momento que ela percebeu que estava fazendo a coisa certa.
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“Eu coloquei o vestido e fiz um vídeo dançando Britney Spears no Tik Tok e fui notada por várias pessoas, entre elas a Pabllo Vittar e Luisa Sonza! Daí eu fiz roupa pra capa do single da Manu Gavassi. Foi muito maluco, um surto coletivo”
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Diferentemente de marcas convencionais, Jheni não vende suas peças, ela só aluga para ocasiões muito especiais, como videoclipes, pois gostaria de montar um acervo de suas coleções. Ela diz que pensa em viver da marca, mas não quer que suas criações sejam vistas como produtos, mas sim obras de artes postas em museus ou galerias, para ser vista como pesquisa.
De Cândido Mota para Londres
E foi exatamente de uma curadora de arte que veio o convite para desfilar em Londres. Ao ver o vestido Fatale, a curadora ficou deslumbrada com a modelagem simples mas que carregava uma forte mensagem. Ela acompanhou atentamente o trabalho de Jheni por 2 anos até que o convite para integrar o calendário da LFW acontecesse. Animada, Jheni exclama:
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“Vai ser meu primeiro desfile na vida! nunca fiz nenhum desfile! Eu comecei a coleção faz 1 mês, eu e minha assistente com um apoio da equipe de Londres. quero tentar fazer 20 looks.”
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Para o desfile, seguido de festa, na noite do dia 18 de setembro, a organização vai bancar parte da produção do desfile e a designer contará ainda com o patrocínio da Riachuelo, que também vai enviar retalhos da fábrica para a confecção de looks da coleção. “Eles estão fazendo um trabalho muito gentil comigo”, explica ela toda animada mas sem esconder sua ansiedade.
Ao responder sobre o melhor conselho que recebeu para sua carreira que está só começando, ela, que faz praticamente tudo sozinha não titubeou: “como um artista independente, você tem que saber fazer tudo, você não tem para quem entregar para fazer. E se você ficar sozinho, você terá que saber fazer tudo. Eu quero ter o controle de todo o processo”, conclui.
