João Pimenta, que durante a pandemia criou coleções bastante conceituais e extravagantes, coloca o “pé-no-chão”, segundo o próprio, para a sua coleção na SPFW, apresentada hoje, presencialmente. A coleção é uma das mais comerciais e vestíveis de João Pimenta, fruto do desejo do estilista de se aproximar mais de seus clientes e que possam ser facilmente vestidas - principalmente agora, em que sair de casa é não apenas uma opção como um desejo.
No entanto, mesmo com uma veia mais comercial e pé-no-chão, a coleção passa longe de ser simplista ou menos interessante. O cliente da João Pimenta naturalmente busca peças mais ousadas e o estilista traduz isso nesta coleção. A alfaiataria tradicional da marca é desconstruída e modernizada, traz tecidos mais leves e bordados e um toque moderno e agênero com a inserção de uma terceira peça dos ternos: não o colete, mas saias. Jaquetas e blazers são reimaginados e golas de camisas, desconstruídas e sobrepostas umas às outras de forma a causar estranhamento. A cartela de cores transita em diversos tons de nude, organizados de acordo com os tons de pele dos modelos, além de cinzas, brancos e pretos.
Destaque também para a beleza, de Alma Negrot (que assina também o styling), que insere próteses nos rostos de diversos modelos, de forma a criar novas ideações de rosto e quase-monstruosidades. A ideia, segundo João Pimenta: é levantar o questionamento sobre o que é, ou não, belo. “Acho que essa é a discussão do futuro: o que é o belo? É uma busca de ressignificar essa beleza, que há muito tempo, é de quem é magro, alto e branco” conta o estilista. (Luxas Assunção)
