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    Conheça Janice Mascarenhas, brasileira que ganhou prêmio da Dazed

    Multiartista ganhou 30 mil dólares para seu filme que conectará diversas narrativas pretas a partir da beleza e da moda

    Mais conhecida pelo seu trabalho escultural com tranças e cabelo afro, a carioca Janice Mascarenhas (26 anos) é a multiartista brasileira que arrebatou o prêmio do concurso Dazed 100 da revista inglesa Dazed em parceria com a Converse. O concurso, que premia o vencedor com U$30 mil dólares para executar sua ideia proposta na inscrição, teve votação popular e um júri fechado da equipe da revista e da Converse e busca ampliar as vozes de novos artistas disruptivos ao redor do mundo, como Janice. 

    Cabelo de Janice Mascarenhas, Foto de Paulo Almeida | Cortesia
    Cabelo de Janice Mascarenhas, Foto de Paulo Almeida | Cortesia

    Ela nos conta que teve seu primeiro contato com as pessoas da revista em 2018, durante uma performance em Berlim, no BPOC, festival de cultura negra. Como forma de refletir sobre a unificação das narrativas pretas através do cabelo, Janice Mascarenhas se propunha a sentar em uma cadeira e trançar mais de 2 metros de cabelo em uma tarefa que, pelo menos em teoria, seria bastante lenta e trabalhosa para três dias de evento: “Só que no primeiro dia, quando eu sentei lá, todas as pessoas pretas trançaram o cabelo comigo e fizemos uma trança gigante em 15 minutos”, conta, com entusiasmo. A partir dessa performance, alguns profissionais da revista começaram a acompanhar o trabalho de Janice, posteriormente, em janeiro deste ano, ela foi entrevistada para uma matéria no veículo e convidada para participar do concurso logo em seguida. 

    Janice Mascarenhas no Festival BPOC, em Berlim, 2018 | Reprodução Instagram
    Janice Mascarenhas no Festival BPOC, em Berlim, 2018 | Reprodução Instagram

    Mas a história de Janice com cabelos, tranças e a beleza afro começa bem antes disso. Nascida em 1995, a mãe de Janice era manicure e posteriormente se tornou gerente de um salão de beleza onde começou como faxineira, e levava Janice na garupa de sua bicicleta para o salão. “Foi através da beleza que minha mãe me deu ‘do melhor’, porque ela me deu ‘do melhor’ que ela podia”, conta Janice. O que pode parecer fútil para alguns, foi o sustento da família da artista e, não apenas isso, mas historicamente um fator de resistência e sobrevivência para o povo preto: “a trança é a alternativa que as mulheres pretas encontram para sobreviver.” conclui. 

    “Eu engravidei aos 16 anos durante o ensino médio. Já costurava, fazia algumas roupas e já sonhava em trabalhar com moda. Depois eu tive outra filha e não dava mais para costurar, a rotina ficou muito louca. Meus filhos foram morar com o pai e eu fiquei muito depressiva, até que uma pessoa virou pra mim e falou ‘você manda muito bem com cabelo, não acredito que você vai abandonar a moda e a arte’” conta Janice, que sempre era incentivada a continuar seu trabalho com as roupas, mas foi surpreendida pela ideia de focar no cabelo e no segmento de beleza. Ela então começou a investir, estudar e fazer tranças e então se denominar trancista, e começou a trançar profissionalmente aos 24 anos, com a compreensão das tranças como forma de resistência e sobrevivência e das sociedades matriarcais na África e o cuidado de e para outra mulher. “A trança hoje é isso, você deixar outra mulher negra fazer suas tranças e dizer ‘é verdade, você está me dando minha autoestima e isso vale muito dinheiro” ela afirma.

    “A nossa ancestralidade ensina às pessoas pretas que beleza preta vale muito e isso é um mercado valiosíssimo. Quero ser uma mulher preta que levanta essa discussão, do amor e da beleza negra” 

    O projeto vencedor de Janice é filme que conectará diversas narrativas pretas a partir da beleza e da moda, discutindo a diáspora africana. Janice também é escultora, cria roupas e trabalha com beleza, e seu filme busca unir todos os seus trabalhos enquanto artista ao criar um robô, falando sobre anatomia, arte, moda e música, e recriar o corpo humano do zero, discutindo aspectos de resistência frente ao colonialismo.

    Cabelo Janice Mascarenhas, Foto João Lucas | Cortesia
    Cabelo Janice Mascarenhas. Foto João Lucas | Cortesia

    “É importante dar voz para pessoas como nós, pessoas reais” existe uma importância grande em ver uma penetração da criatividade brasileira na moda internacionalmente através de artistas como Janice Mascarenhas, que discutem, entre outros assuntos, a diáspora preta e a resistência da cultura preta, que se mistura e reconstrói as culturas locais e sobrevive. “O que tem aqui é muito valioso e acredito que dar espaço para essas pessoas reais é um grande caminho (para a representação da moda nacional no mundo)” finaliza.

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