Pouco antes do desfile, Rafaella Caniello definia esta como sua coleção mais emocional. "Não consegui dormir ontem de nervoso", conta a estilista. Como sempre, ela começou a pesquisa para o seu desfile com um texto, desta vez o livro de poesia "Menino do Mato", de Manoel de Barros. Os versos fizeram Rafaella lembrar da sua própria conexão com seu país, o que a levou às muitas trilhas que já fez na vida, em especial as pelo cerrado de Alto Paraíso (Goiás). Daí, a trilha levou à ideia de caminho, do percurso de sua marca até aqui, e pronto: surgiu uma coleção de balanço e amadurecimento da Neriage.
A estilista fala da imagem dos pés na terra para definir o mood dos looks que trazem essa ideia na cartela de cores com tons de areia, ocre e terra, e também na beleza, supernatural, com o objetivo de valorizar a personalidade de cada modelo de um casting de belezas diversas. "Antes sentia que as garotas Neriage eram mais etéreas. Agora, não é preciso construir nada: a beleza já vem com a personalidade de cada modelo, de cada roupa", diz Vanessa Rozan, que assina a beleza do desfile.
Na coleção, há uma brincadeira com texturas nos plissados, no mix de tecidos como os casacos de lã com peças de seda e os tricôs. Os looks são alongados, a maioria monocromática ou tom sobre tom, numa imagem muito chique, para mulheres românticas e cerebrais. (CAROLINA VASONE)