Depois de uma boa fase da informalidade do sportswear reinante na moda, da calça e do agasalho de moletom em alta e do sneaker alçado ao melhor companheiro de qualquer look, dizem que vem despontando um retorno à vontade de se vestir menos casual e mais arrumado. O objetivo do estilo classudo, baseado na alfaiataria, porém, pode ir além da antiquada ideia de distinção de classe social, da superioridade por meio da riqueza da roupa. Em tempos difíceis no mundo inteiro como o atual, uma peça bem feita e estruturada, que evoca a ameaçadora nobreza das rainhas e a rebeldia dos punks pode servir como proteção. Fiel ao seu estilo que mistura as referências suntuosas e românticas da monarquia do passado, atualizadas pela alfaiataria precisa e a influência de movimentos urbanos contemporâneos, a moda de Reinaldo Lourenço parece perfeita para isso.
"Nesta coleção quis ressaltar este contraponto entre o peso e a leveza", conta Reinaldo, momentos depois de encerrado seu desfile, enquanto é parabenizado por uma fila de clientes amigas, um time fiel de "reinaldetes", algo não muito comum de ser ver em qualquer marca (elas vão ao desfile e já começam a escolher os looks que vão querer comprar, como nos desfiles das maisons de antigamente). Quando fala em peso, o designer se refere à austeridade da era vitoriana, uma de suas inspirações e à transgressão por meio da imagem agressiva (pelo menos naquela época) do punk, outra parte da temática da coleção. Mas aí as camisolas soltas e longas, os babadinhos nas camisas e vestidos, as mangas bufantes, a estampa floral (havia apenas um único print, em vermelho branco e preto) garantem a leveza à qual ele se refere.
Os dois extremos podem revelar um olhar diferente sobre o mesmo tema, caso dos vestidos super românticos todos de bordado inglês, inocentes, que remetem a camisolas vitorianas. Já os longos de georgete, plissados, trazem ilhoses aplicados na altura da cintura que ora remetem a um cinto, ora a um corset (ou mesmo uma armadura). Boinas com tachas, brinco de espinho, gargantilhas tipo chocker e looks de couro total, como o que a top Carol Ribeiro usou na abertura do desfile fazem menção ao estilo punk. A alfaiataria sempre traz o contraponto, como no look de Carol, que é um vestido que remete a um trench coat, usado com coturno. Além de Carol, Cássia Ávila e Marina Dias também desfilaram, representando as modelos veteranas.
Entre os looks e detalhes para ficar de olho, estão os vestidos com ilhoses; a calça de alfaiataria com saia pregueada por cima + blazer, tudo preto ou tudo floral; o truque de styling da calça de alfaiataria ajustada na canela por duas tornozeleiras com spikes, além das mangas, sempre com algo notável na modelagem, às vezes bufantes, às vezes levemente abertas. (CAROLINA VASONE)



















































Foto: Zé Takahashi / Ag. Fotosite


















































