Ronaldo Fraga sabe contar bem uma história. É dessas pessoas que começam a conversar e te transportam para outro lugar, ao ponto de te emocionar com tamanho envolvimento. O dele e o seu, no universo que ele generosamente faz questão de dividir com seu interlocutor. Seus desfiles são tão tocantes certamente por isso. Ao falar de amor, da China, da juventude ou do rio São Francisco, há honestidade de intenção, recheada com um talento vindo de um olhar muito particular, cheio de poesia e engajamento, que desta vez se voltaram para o tema dos refugiados do mundo. As roupas são um meio de comunicar toda essa mensagem, da mesma maneira que simbolizam a única herança que muitas das pessoas fugidas de seus países carregam, embarcando em viagens de barco levando apenas a roupa do corpo. “Há um elo entre a cultura deles e suas roupas”, diz Ronaldo Fraga, que quer, nesta coleção, criticar a intolerância, não só dos países europeus que querem virar as costas para refugiados e imigrantes, mas para a intolerância das diferenças, incluindo à do Brasil. “Vivemos um momento de muita intolerância aqui e em todo o mundo.”
Tudo começou no ano passado, quando Ronaldo Fraga fez uma viagem de dois meses para a África. “Há lugares como o Brasil, a Índia, a China e a África, de onde você não sai do jeito que entrou.” Dessa viagem, Ronaldo trouxe experiências significativas, muitas delas de Moçambique, onde passou mais tempo, que juntou com o movimento dos refugiados – africanos, mas não apenas – e a literatura do angolano Walter Hugo Mãe e do escritor moçambicano Mia Couto. Quando foi para a África diz que não tinha na cabeça que sua próxima coleção sairia dali, mas acabou acontecendo.
Veja todos os 10 destaques da coleção de Ronaldo Fraga aqui. (CAROLINA VASONE)

























































Foto: Zé Takahashi/ Ag. Fotosite

























































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