Saem os vestidos de festa, entram os casacos. Neste inverno, Gloria Coelho mudou o foco e apostou no mantô como a peça-desejo de sua coleção. Item mais importante do guarda-roupa, o casaco aqui conquista menos por seu caráter funcional e mais pelo shape, pelas sacadas de modelagem, mix de materiais sofisticados, elementos decorativos que o tornam, além de útil, irresistível.
A mudança teve, além de um incentivo climático (afinal, é inverno), um propósito comercial. "O mercado de moda festa já está saturado, acho que faltam mantôs. Então se você precisa de um, é na minha marca que vai encontrá-lo", disse Gloria, antes do desfile. De novo, a necessidade já virou questão secundária no caso dos casacos da coleção, inspirados no glamour guerreiro cool dos antigos povos nórdicos, no frio de neve que soa quase como ficção para a gente, e mais especificamente, na fortaleza comandada por John Snow na série "Game of Thrones". O casaco preto, franzido na cintura, com pelo de carneiro nas mangas, num só lado do peito, caindo para traz como uma grande gola, remete a peles animais jogadas no ombro e é a versão perfeita de um John Snow feminino contemporâneo glamouroso. Com um campo de batalha totalmente diferente, claro. "Imagino meninas que vão para festas na Inglaterra, por exemplo, que são excêntricas mas têm o prazer da moda", conta Gloria.
Usados como vestidos, com hot pants por baixo ou com cintos e coletes de faixas de couro que lembram armaduras, os casacos misturam couro, uma textura de cobra feita de um material sintético, lã, pelo de carneiro e coelho, em shapes variados, às vezes levemente arredondados, outras mais retos, sempre com volumes contidos. Destaque para o modelo marrom de lã com mangas e gola de falso vison e também para o casaco creme de lã, com círculos de cetim de seda aplicados, superbarra dobrada para fora, usado com gola de pelo.
Junto aos mantôs, jaquetas e casaquetos complementam a coleção, que passeia por várias décadas, dos anos 60 nos conjuntos de minissaia e casaqueto ou colete de tweed com couro coloridos, usados com meia da mesma cor, aos 90, caso do macacão de alfaiataria preto, bela peça da coleção, usado com uma estola de pele vestida na diagonal, ótimo recurso de styling. A alfaitaria, aliás, é parte importante da coleção em termos comerciais: só as calças representam 35% das vendas da marca, segundo a estilista.
Complementam as roupas as bonitas botas, tanto as curtas de neoprene (destaque para a branca) quanto as de cano alto bicolores ou tricolores, sempre sem salto. (CAROLINA VASONE)





































Foto: Zé Takahashi / Ag. Fotosite





































Não deixe de ver