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    Pensata da Palô #27: Menos caretice, per favore
    Pensata da Palô #27: Menos caretice, per favore
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    Por @ErikaPalomino

    Dois momentos incríveis nas passarelas nesta semana em Milão (o balanço é que há muito uma temporada italiana não se mostrava tão relevante no circuito global). Prada e Jil Sander polarizaram as atenções dos profissionais e amantes da moda, instigando tanto à reflexão quanto ao desejo _nem sempre essas duas trilhas se imbricam. Em comum, de toda forma, a paixão e a força da cor (da hora neste verão 2011) e o exercício sobre a partitura do minimalismo. Some-se a isso coragem, cara de pau e o feeling dos vencedores: fazer a coisa certa na hora certa.

    Miuccia Prada, La Signora, comanda uma equipe que domina como poucas por aí o vocabulário da contemporaneidade e do feminino. O belga Raf Simons, à frente da grife da afastada estilista tedesca, como se sabe, há pouco mais de seis anos nunca tinha desfilado nenhuma saia (feminina).

    As liberdades que a moda conquistou recentemente incluem o crossover de mundos e a sobreposição de layers de conteúdos, excertos, cortes em determinados períodos de tempos e de estilos.

    Segundo Cathy Horyn no NYT, Raf Simons, discutindo o novo minimalismo com sua equipe, pensou no oposto, o maximalismo, o que o levou à alta-costura, mundo tipo nada-a-ver com a consumidora Jil Sander. O resultado é monumental, grandioso, tendo proporção, forma e materiais absolutamente sob controle, na mais inesperada cartela de cores já conjugada sob a etiqueta Jil Sander desde a coleção havaiana de Milan Vukmirovic. Só que agora deu certo.

    Para quebrar a suntuosidade da inacessível couture, a democrática simplicidade da t-shirt. Para avacalhar com a metidez de um vestidão de tafetá, uma parka esportiva em náilon. E por aí vai _as imagens falam melhor do que eu.

    Já na Via Fogazzaro, um ambiente mais subversivo. Houve quem achasse que a turma da Prada estivesse tirando uma com a cara do povo da moda. A ironia com que trabalha a marca tangenciou de fato a provocação: vamos ver se essas loucas vão ter a moral de sair por aí com uma blusa colorida de macacos barrocos. Rá rá rá. #muttleyfeelings. Mesmo que não tenha havido internamente esse surreal diálogo, posso dar a resposta daqui: vamos sim. Mesmo que as pessoas “normais” olhem pra cara da gente chacoalhando a cabeça e emitindo entediados tsks.

    Como num reforço positivo, La Signora entrou pra agradecer os aplausos usando um brinco de bananas (lá na Vinte e Cinco tem igualzinho). E o que é que a Miuccia tem?

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    Estampa de macacos, bananas e outras loucurinhas de Miuccia Prada ©firstVIEW

    Em tempos de crise e de depressão, musicais e extravaganzas distraíam civis e pracinhas pelo mundo, tanto no pós-1929 quanto durante as guerras. Puro escapismo. Pense em Josephine Baker e Carmen Miranda (que virou até estampa aqui).

    Tem uma sensualidade quente e latina em vestidos-camisola, sapatos de dança de salão e no belo tango antigo da trilha sonora. Tem os absurdos chapéus mexicanos, reforçando o efeito óptico e contrastando com um tailleur modernista. Não dá pra dizer “de onde” vem cada coisa. E a ideia nem é essa. A sensação e a impressão é que importam. E ficam.

    Ultragráfica, a coleção lida com listras de cores e tamanhos para todos os gostos, com arabescos e desenhos decorando silhuetas rigorosamente controladas, com ombros arredondados e as mangas largas, espécie de couture redux também. Um absurdo. Ainda nos acessórios (em tese a força da grife) o denominador são as plataformas multicoloridas; as bolsas em cores primárias e os óculos loucurinhas.

    Tão bem-humorada que beira o histrionismo, a coleção, segundo Miuccia Prada, partiu da simplicidade do masculino para, rebuscadamente, incitar ao arrojo, à ousadia. Legenda: menos caretice, please. Per favore. O twist master: o desconcertante uso do algodão, o jogo positivo/negativo dos looks pretos da sequência final. Contra o medo, coragem.

    beijos barroco-minimalistas,

    Palô

    PS: Luxo: assisti ao desfile da Prada ao vivo, bebericando um café. Da minha própria cadeira de trabalho, no meu computador. Bj pro site da revista Love, que transmitiu bonitinho o evento.

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