“Ter uma banda é o melhor jeito de estragar uma amizade”, declarou Julian Casablancas em entrevista recente. Lançado hoje (03/11) na Inglaterra (e dia 13 no Brasil), “Phrazes For The Young” – primeiro álbum solo do vocalista dos Strokes – fecha a década de Casablancas não como herói de uma geração, mas cheio de desilusões e incertezas.
“Em algum momento/ Minha esperança virou tristeza / Em algum momento / Minha tristeza virou amargor / Em algum momento / Meu amargor virou raiva”. Esses são os primeiros versos de “Out Of The Blue”, que abre o disco de apenas 8 faixas. Produzido por Jason Leader, Phrazes é uma mistura bem-sucedida de guitarras indie rock sobre sintetizadores oitentistas.
Capa de “Phrazes For The Young”; nome faz referência ao livro “Phrases And Philosophies For The Young” (Frases e Filosofias para os Jovens), de Oscar Wilde ©Divulgação
O álbum segue com a dançante “Left Right In The Dark” para cair na sensacional “11th Dimension”, onde Julian mostra toda a sua sensibilidade pop. Com um “riff de sintetizadores” viciante e uma paisagem sonora épica, a faixa evidencia a vontade de Julian de experimentar – “Você está procurando pela própria voz/ Mas está nervoso” – coisa da qual ele passa longe na sua banda nativa.
Em “4 Chords Of Apocalypse”, uma mistura de synth-pop + indie rock + soul leva ao clímax do disco, onde a voz rasgada de Casablancas se transforma num crooner emocionado. Em “Ludlow St.”, um ponto baixo e um banjo deslocado; “Glass” é contemplativa e quase uma balada; e “Tourist” é cheia de surpresas e arranjos inesperados. Outro ponto alto do disco é “River Of Breaklights”, animada, urgente e com refrão pegajoso. “Timing is everything” (“Fazer as coisas na hora certa é tudo”), alerta o vocalista repetidamente. E Julian, ao que parece, voltou com o timing correto.