O Rio de Janeiro se desenvolveu tirando partido do seu patrimônio natural eternizado em ondas, curvas e corpos. São elas que inspiram as formas e desenhos dos seus caminhos e calçadas de pedras portuguesas, matéria-prima estrangeira incorporada ao traçado da cidade. Uma bela amostra dessa riqueza criativa pode ser vista na exposição do fotógrafo Bruno Veiga no Armazém 3 do Píer Mauá.
O portal FFW conversou com Bruno, que explicou o que os visitantes vão encontrar na mostra que fica no ar durante toda esta edição do Fashion Rio:
Como rolou o convite para mostrar suas fotos no Fashion Rio?
Conheci a Mari Stockler no meu estúdio durante um trabalho e as fotos da série “Pedras Portuguesas” estavam expostas. Um tempo depois ela me ligou e me convidou. Foi uma parceria afinadíssima desde do primeiro momento. A Mari fez a curadoria da mostra com um resultado que me deixou muito feliz. O espaço expositivo é peculiar e acho que a solução de montagem que ela conseguiu ficou sensacional. Para mim está sendo muito interessante expôr fora de um espaço tradicional e ter um resultado tão bacana. Acho também fundamental a postura do Fashion Rio de agregar ao evento exposições de arte criando uma rede de atividades que amplia a percepção de todos sobre estética e forma.
E esse seu fascínio pelas calçadas?
Tive o privilégio de morar por muitos anos na Av. Atlântica tendo tempo para ir me envolvendo com a história do lugar com calma e intimidade. Em 2007 fui convidado para fazer um livro sobre o tema. E aí, as pedras rolaram!
De onde veio a ideia de fazer essas fotos aéreas, e não do chão mesmo?
Busquei inicialmente fotografar de cima para trazer o conjunto dos desenhos. Ou seja, a imagem que normalmente as pessoas não têm a oportunidade de ver. Mas o que era inicialmente uma questão de ponto de vista acabou por se tornar a linguagem do trabalho.
Sua família é de origem portuguesa?
Não, mas nesse momento estou em Portugal fazendo fotografias para um novo livro sobre as pedras portuguesas em Lisboa e no Norte de Portugal. Está sendo muito bom poder beber da fonte onde tudo começou.
As pessoas que visitarem o Fashion Rio poderão ver qual parte do seu trabalho?
Todo um conjunto que representa o Rio de Janeiro, privilegiando as calçadas da Av. Atlântica que permitem um recorte extremamente rico pela grandeza e a generosidade do trabalho do mestre Burle Marx.
Qual a mensagem dessa sua série?
A única intenção que tenho é que as pessoas tenham uma leitura particular e única dos trabalhos. Acho que para os cariocas particularmente, acontece uma revelação sobre algo que está cotidianamente aos nossos pés e não costumamos perceber.
O seu livro (O Rio Que Eu Piso) continua esgotado? E quem quiser uma cópia, sem chances?
Infelizmente ainda não conseguimos o patrocínio para a reedição. Mas acredito que vamos conseguir reeditar proximamente. Mas no final do ano estarei com as fotografias que estou fazendo em Portugal sendo publicadas no livro “Tapetes de Pedra”, sobre as calçadas de pedras portuguesas em todo o mundo.
Qual a calçada mais incrível do Rio de Janeiro na sua opinião e por que ela é tão marcante?
Sem dúvida são as de Burle Marx em Copacabana. Mesmo em Portugal, não encontrei nada que se equivalesse a riqueza estética do trabalho dele.
Site, blog, Twitter, Facebook, qualquer conexão com o mundo?
Podem visitar meu site www.brunoveiga.net que acabou de entrar no ar.Infelizmente ainda está somente com a versao em inglês, mas daqui a pouco tempo entra a versão em português.
Se estivesse fotografando calçadas em Portugal, estaria fazendo o que?
Dando muitos beijos na minha filha Helena, pois faz mais de 20 dias que estou longe dela. Morrendo de saudades.
Exposição “Pedras Portuguesas” por Bruno Veiga
QUANDO de 27 de maio a 02 de junho, durante o Fashion Rio (somente para convidados)
ONDE Armazém 3, Píer Mauá – Avenida Rodrigues Alves s/n
CONTATO brunoveiga.net
