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    Profissão modelo: os estereótipos, as inspirações e a realidade
    Profissão modelo: os estereótipos, as inspirações e a realidade
    POR Camila Yahn

    As angels da Victoria’s Secret, sonho de muitas jovens modelos, no final do show de 2011 ©Reprodução

    Sempre quando as temporadas de moda começam, também se iniciam as longas conversas sobre a indústria e o mercado. Este ano, o foco está claramente nas modelos. O que significa esta profissão, o que ela envolve e de que forma pode se tornar mais “séria” aos olhos do mundo.

    A discussão sobre a carreira de modelo é um assunto delicado. Não só é uma profissão com grande rotatividade devido à fragilidade e volatilidade dos contratos, como também é uma profissão com “perna curta” – as meninas começam com 15 anos e perto dos 30, se não souberem administrar bem a sua carreira, têm que direcionar seu foco para outras atividades. E aos 15 anos, para que as jovens meninas consigam percorrer o mítico sonho das passarelas, há sacríficos que são feitos — os estudos passam para segundo plano, assim como a saúde, em favor de uma aparência “tamanho zero”. O que elas não sabem de início é que a profissão não é só glamour. Os salários não começam na casa dos milhões e muitas vezes não pagam os reais sacrifícios exigidos às jovens. E se a ascensão por vezes é muito rápida, a queda também pode ser.

    Porém, este padrão está mudando. Ou tentando mudar, pelo menos. Não só devido às iniciativas pró-saúde que estão sendo levadas a sério por organizações como o “The Health Initiative” e pelo CFDA (Conselho de designers da América), como também à profissão de modelo propriamente dita, que cada vez mais pretende ganhar seriedade e regulamentação, objetivos do “The Model Alliance”, por exemplo. As meninas, por sua vez, também estão cansadas de viver debaixo da sombra do estereótipo da modelo sem estudos, sem educação e sem preocupações sociais.

    Liya Kebede na capa comemorativa de 30 anos da revista “i-D”, cujo tema era “Defina-se a si mesmo” e Gisele Bündchen no evento em que foi nomeada Embaixadora da Boa Vontade da ONU ©Reprodução

    Por outro lado, os profissionais do mundo da moda, como fotógrafos e designers, não querem mais trabalhar com meninas muito novas que não assumem responsabilidades ou são extremamente inexperientes, na vida pessoal e profissional.

    Faz parte da cultura da profissão a história da Cinderela, belas meninas com uma vida simples e cheia de dificuldades, que encontram fortuna, sucesso e até um príncipe. Natalia Vodianova é um bom exemplo de uma Cinderela que deu certo. Mas hoje em dia, a profissão pretende fazer mais jus ao nome “modelo” e tornar-se naquilo que o nome já diz: um modelo de inspiração para as jovens em vez de espelhar apenas aparências impressionantes. Cada vez mais vemos profissionais importantes no mercado se aliando a ONGs ou criando maneiras de interagir com uma população carente, como é o caso de Liya Kebede, fundadora da Liya Kebede Foundation, que ajuda  tribos de mulheres na Etiópia; e Coco Rocha, que já lançou uma linha de joias para beneficiar uma instituição que ajuda vítimas de tráfico humano no sudeste da Ásia, e participou ao lado da amiga e também modelo Behati Prinsloo de um projeto para levar mantimentos que elas mesmas arrecadaram ao Haiti devastado pelo terremoto de 2010 — a iniciativa acabou virando o documentário “Letters to Haiti”.

    Mais exemplos de como as meninas estão se agilizando: Lily Cole, a ruiva favorita de casas como a Chanel e a Hermès, formou-se recentemente em História da Arte pela universidade de Cambridge; Edie Campbell, a nova estrela britânica, está também cursando História da Arte pelo instituto londrino de Courtauld; e Jacquetta Wheeler, presença habitual nas passarelas britânicas, trocou a Burberry e a Vivienne Westwood pela “Reprieve”, uma ONG que trabalha a favor dos direitos dos presidiários, e tem um blog no site da “Vogue” britânica atualizado regularmente. Ainda tem Gisele e seus trabalhos com o meio-ambiente como Embaixadora da Boa Vontade da ONU.

    Lily Cole na capa da “Vogue” Russia e no seu uniforme da faculdade ©Reprodução

    “Hoje em dia há uma demanda clara para que as modelos sejam inteligentes, educadas e com bons modos”, afirma ao “Economist” Catherine Ostler, ex-editora da revista de moda e lifestyle “Tatler”.

    As tendências da profissão de modelo seguem também as tendências da economia global. Dos anos 60 aos 90, os Estados Unidos eram reis supremos e modelos como Cindy Crawford e Linda Evangelista “não saíam da cama por menos de 10 mil dólares”. Mas hoje em dia, essa tendência mudou. No início do século, os flashes se viraram para os países de economias emergentes, como alguns países do Leste Europeu e, claro, para o Brasil.

    E ainda que a indústria não pare de crescer, os contratos individuais têm diminuído. Devido à explosão de tecnologias de conteúdos televisivos personalizados como a Apple TV ou a TiVo, que permitem ao usuário pular os comerciais, os valores pagos às modelos de TV diminuíram muito. Assim como os de revista. Para uma modelo conseguir cair nas graças dos salários de casas como Dior, tem que fazer muitos editoriais e capas, o que acaba por dar às revistas oportunidades para pagar quase nada, em troca da visibilidade que vão proporcionar à modelo.

    O teor aleatório e imprevisível da profissão não ajuda o negócio. Ninguém consegue prever quem vai ser o “próximo rosto”. Se um dia, o mundo cai pela beleza “heroin chic” de Kate Moss, no outro, é o sorriso e o bronzeado de Gisele que atraem os flashes. A moda vai do 8 ao 80 num piscar de olhos.

    Agora com um caminho traçado para a regulamentação, a profissão ainda atrai milhares de jovens pelo mundo, que continuam a perseguir o sonho de fazer parte dessa indústria milionária e aparentemente glamourosa. Mas certamente, suas antecessoras já prepararam um terreno mais fértil.

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