O domingo da moda em Milão foi agitado e ainda está reverberando seus highlights no mundo da moda afora. FFW conta o que viu por lá.
Dolce & Gabbana: monarquia absoluta
Quando a onda do princesismo parecia estar perdendo forças, uma rainha muito mais poderosa, toda carregada de dourados, veio e causou um grande alvoroço. Cheia de penduricalhos nos cabelos, brincões gigantescos e casacos saídos das monarquias mais caras da história da humanidade. Não era pra ser rica? Não está todo mundo achando super legal esbanjar riqueza – verdadeira ou de plástico – sem a menor vergonha moral? Então. Mais do que princesa, vamos ser rainhas, então. E dá-lhe brilho.
O convite barroco já dava o recado. O cenário cheio de mega lustres, sofás Luis XV e outros rebuscamentos setecentistas. Para arrepiar a plateia e segurar o peso dessa coleção, os estilistas ainda escolheram “Sole Mio” como trilha, cantada por Luciano Pavarotti. Até as sisudas editoras de moda sorriam! Anna Wintour inclusive.
Mas… estamos falando de uma coleção italiana. E de Domenico Dolce e Stefano Gabbana. Então é óbvio que a Sicília, o sul da Itália, o pedaço amado por eles, não ia ficar de fora. Lembra da Madonna, na publicidade da marca, vestida de mulher italiana popular e gostosona do sul? Aquele mood apareceu de novo, no meio da monarquia toda, um mix daquele barroco que nos faz pensar em França ou Inglaterra com o “sicilianismo” dos diretores criativos. E, sim, estava lá a viuvinha siciliana que ainda vai à missa com o véu preto cobrindo o rosto (ainda hoje, nessa região, algumas viúvas vão à missa assim).
Salvatore Ferragamo
Não por acaso a famiglia Ferragamo escolheu Massimiliano Giornetti como diretor criativo em 2010. Giornetti transmite os clássicos valores do Made In Italy: tradição, preciosismo nos materiais e no design. Ele já comentou em entrevista que gostava de fazer roupa para a mulher “que trabalha”, e nesta coleção ainda vemos isto. Só que todas querendo seduzir um pouco mais. Enquanto as modelos caminham na passarela podemos imaginar a entrada de executivas poderosas num grande arranha-céu americano. Todas exalando respeito, poder, decisão. E também um pouco de sensualidade. Os cortes retos trazem a seriedade e a discrição chique. Com decotes e transparências, ela ganha uma apimentada.
Entre um look e outro, um ensaio de leveza – será que precisava? – com vestidos soltinhos que propunham um certo relax campestre. Aonde será que a executiva foi passar o domingo? Ficou a dúvida. Mas que a tal “mulher Ferragamo” acabou de ser promovida e só usa couro verdadeiro… quanto a isso temos a máxima certeza.
Marni
A marca continua satisfazendo a vontade de trendy, das formas que vão numa contramão onde nada é muito sexy ou tradicional, mas boêmio, futurista, com uma paixão por retrô que consegue pairar livremente entre os looks sem enganchar em elementos ultrapassados. Desta vez veio mais monocromática, o que demonstra o domínio na escolha vanguardista de cores. Paletas que sentimos que são “tão Marni”. O azul claro, o branco, vermelho, mostarda, cinza. Combinados de diversas formas, ou isolados.
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