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    Protesto de gala
    Protesto de gala
    POR Camila Yahn

    Protestantes com estilo brigam pela tradição de Savile Row ©Reprodução

    A Savile Row, no centro de Londres, é uma das ruas mais tradicionais do mundo, conhecida como o quarteirão de ouro da alfaiataria. Há mais de 200 anos, é a “casa” dos ateliês de alfaiates que vêm passando sua expertise e as artimanhas da alfaiataria manual de pai para filho. Quando Alexander McQueen resolveu que queria aprender a costurar, ele foi bater na porta de um desses ateliês, que são conhecidos por seu corte impecável e qualidade excepcional. O príncipe Charles e outros membros da realeza britânica fazem seus ternos sob medida com os alfaiates da icônica rua.

    Agora, os profissionais de Savile Row estão sofrendo com a modernização do mundo ou o que está sendo chamado de “desenvolvimento”. Explica-se: uma megaloja infantil da rede americana Abercrombie & Fitch deve abrir ali ainda neste ano. A marca simboliza o tal desenvolvimento, enquanto os ateliês de alfaiataria defendem a riqueza da tradição e da história. São dois mundos opostos. Será que eles cabem em um mesmo quarteirão?

    Os alfaiates, obviamente, acham que não e têm protestado contra a abertura da loja, impecavelmente vestidos, é bom notar. O evento já está sendo chamado de “o protesto mais estiloso que já se viu”.

    Imagem do protesto nessa semana, em Londres ©Reprodução

    Foi a revista masculina “The Chap” que organizou a multidão devidamente vestida a la Savile Row, com ternos e chapéus. Os defensores, vamos chama-los assim, acreditam que a loja pode arruinar a reputação da rua. “A Savile Row é reconhecida no mundo inteiro por sua roupa feita sob medida, além de ser uma das ruas mais conhecidas e emblemáticas de Londres. Nós conseguimos apreciar o fato da A&F ter desejo de fazer parte disso – a ironia é que sua presença vai acabar com essas mesmas qualidades que fazem com que eles tenham vontade de vir para cá”, disse um deles.

    As perguntas que estão surgindo com esse acontecimento são: os britânicos querem que a Savile Row torne-se mais uma rua comum de compras, assim como a Oxford, a Regent, entre outras áreas comerciais da cidade?

     Um artigo publicado no jornal britânico “The Guardian” diz que muitos alfaiates estão em decadência e que hoje em dia é muito mais comum ver meninos usando cabelos igual ao do Justin Bieber do que homens elegantes em um terno de corte perfeito. Será mesmo esse o ponto? Certamente esses meninos que seguem o estilo de seus ídolos nunca foram o target da Savile Row. “Ninguém está impedindo o desenvolvimento da Savile Row, mas uma cadeia de lojas vendendo roupas vagabundas para pessoas assustadoras não é muito a direção que nós devemos tomar”, diz outro defensor enfurecido.

    Uma das lojas da Abercrombie & Fitch, em Singapura ©Reprodução

    O local onde a loja deve abrir foi, originalmente, a gravadora dos Beatles, Apple Records. Brincando com a coincidência, os elegantes protestantes cantaram a música “Give Peace a Chance”, de John Lennon.

    Porém, ao que parece, o “mundo moderno” está próximo. Há algumas quadras da rua, uma megaloja da Victoria´s Secrets está para abrir. Virando a esquina está a flagship da Superdry, empresa britânica que imita o modelo de sucesso da Abercrombie & Fitch, todas marcas cujo marketing é mais forte que o produto em si.

    “Pobre Savile Row, se afogando nas lojas fenômenos para adolescentes”, diz o texto, que afirma que o fato da rua não ter nenhuma relação com o mundo contemporâneo é um seus principais problemas. “Os defensores podem achar que estão salvando Savile, mas na verdade estão é prejudicando: feito à mão não precisa significar herança e tradição. A rua precisa adaptar seus ofícios ao mundo moderno – e rápido”.

    John, Ringo e Paul com ternos da Savile; George preferiu camisa e calça jeans ©Reprodução

    Pedir para um grupo de alfaiates tradicionais se adaptarem rápido ao novo mundo é negar sua cultura, sua história e sua expertise. O terno que David Bowie usa na capa de seu álbum “Pinups” é made in Savile Row; os ternos que John, Paul e Ringo usam na capa de Abbey Road” também, assim como o terno branco que Bianca Jagger usou no casamento com Mick. O que significa que tradição + qualidade e cultura pop também podem colaborar. Sim? Não? O assunto está aberto. O que vocês acham?

    Bianca Jagger com terno feito sob medida na Savile Row ©Reprodução

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