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    A vida louca dos fotojornalistas que cobrem eventos de moda
    A vida louca dos fotojornalistas que cobrem eventos de moda
    POR Redação

    Espaço Fashion Verão 2012/13 ©Chris von Ameln/Agência Fotosite

    Quando se trabalha em uma semana de moda não há tempo para criatividade em demasia. Tudo acontece em um ritmo frenético, em que os ambientes estão lotados e as pessoas disputam de informações exclusivas à captura da melhor imagem. E, mesmo em diferentes estações ou localidades físicas, pouco muda à parte às cores, estampas, modelagens e tecidos. Mas então, como produzir o novo em meio ao caos e à pressão? É possível conceber algo autoral mesmo com prazos tão limitados?

    Blue Man Verão 2012/13 ©Chris von Ameln/Agência Fotosite

    A opção pela fotografia editorial ou publicitária parece ser um caminho mais acessível para conquistar a notoriedade – com isso não se quer dizer que seja uma trajetória fácil, apenas que essa linha de trabalho ganhe muito mais destaque na mídia. Já os fotojornalistas, que têm o encargo diário de fornecer informação ao leitor dos veículos dos quais fazem parte, são quase anônimos fora de seu círculo de atuação. Eles abastecem os sites, jornais, revistas semanais e mensais e buscam sempre o quente, a notícia, a modelo, a celebridade, o acontecimento imediato.

    Procuramos pelo Fashion Rio alguns fotojornalistas para contar como é o ritmo de trabalho, se é possível imprimir um olhar pessoal e como é criar algo que se torna tão maior que suas próprias personas. Confira abaixo o que Sérgio Caddah, Marcelo Soubhia, Aurea Calcavecchia e Lucas Landau têm a dizer sobre o assunto.

    Sérgio Caddah/Agência Fotosite

    Sérgio Caddah ©Sérgio Caddah/Reprodução

    Já estou neste mundo dos bastidores, de fotojornalismo de moda, desde 2005. A cada ano a gente sempre tem que produzir algo diferente, mas é quase tudo a mesma coisa: as modelos são basicamente as mesmas, então para a gente sair dessa mesmice, apesar das novas coleções e tendências, buscamos um novo olhar, uma nova arte, um “defeito especial”. Gosto muito desse termo “defeito especial”, que é quando você faz uma foto e seu flash não funciona, alguém passa na frente, ou ainda quando a modelo se mexe rápido demais e borra…

    É muito importante essa busca do novo olhar, inclusive das pessoas humildes que fazem parte dessa grandiosidade do mundo da moda e que não são vistas, como as camareiras, as passadeiras ou os seguranças. É interessante mesclar [a visão dessas pessoas] com o luxo e o glamour das semanas de moda, de uma forma, é claro, bela. Outra coisa que gosto muito de fazer é capturar os momentos íntimos das pessoas, como a gargalhada de uma modelo com a outra, na hora em que estão dividindo uma piada interna, o estilista emocionado ao final do desfile com sua equipe, os cochichos no ouvido; são momentos que às vezes o fotógrafo evita puxar a máquina, mas tem horas que não tem como resistir pela beleza humana do instante.

    Backstage da Sacada no Fashion Rio Verão 2012/13 ©Sérgio Caddah/Agência Fotosite

    Imagens do backstage da Tryia no Fashion Rio Verão 2012/13 ©Sérgio Caddah/Agência Fotosite

    Também gosto muito de poder “pirar”, usufruir de outros recursos, além dos técnicos, e dos conceitos que nós temos. Fugir um pouco dos briefings que os clientes nos dão e partir para um lado mais artístico, usar interferências à frente da lente, produzir novas realidades, alterar realmente o ambiente, sem se preocupar se a cor que está aparecendo na foto é a cor real ou não. Claro que não se pode fazer todo um ensaio assim, afinal se o cliente quer imagens que mostrem, por exemplo, tendências de determinada cor, como é que você vai mostrar o produto final com as cores alteradas com a sua “piração”?

    Marcelo Soubhia/Agência Fotosite

    Marcelo Soubhia ©Daniel Malva

    Faço as fotos dos detalhes dos desfiles, que é um pouco diferente de quando se fotografa o corpo inteiro. Quando se faz detalhes, temos que procurar no look muito rapidamente, logo quando a modelo aparece na passarela, algo interessante. Ou é um cinto, um brinco, um sapato… lá de longe a gente tem que identificar e fotografar conforme ela vai chegando perto. Então é legal que, fazendo detalhes, o fotógrafo pode colocar um pouco mais do olhar dele, ao contrário do corpo inteiro, em que é necessário fazer um belo registro, mas sem muito espaço para criatividade.

    O detalhe do desfile da Alessa Verão 2013 ©Gustavo Scatena/Agência Fotosite

    Como faço isso há bastante tempo não tem muito desespero, já funciona “redondinho”. E o pit já está organizado, todo mundo já sabe quem tem prioridades, não existe mais brigas porque tudo funciona direitinho: o fotógrafo da marca sempre fica na frente, depois os do evento e assim vai.

    Aurea Calcavecchia (site “Lilian Pacce”)

    A temporada de moda é dividida basicamente em dois momentos: quando você tem que fotografar passarela no pit, onde tudo tem que estar certinho e perfeitinho para o leitor ver como foi o desfile, todo mundo está no mesmo lugar vendo a mesma coisa, a luz é a mesma, então é uma hora em que a técnica fala mais alto que a criatividade, exatamente porque aquela imagem é uma informação que você precisa transmitir para o leitor do seu veículo. A hora que dá para criar mais é durante o backstage, que é uma bagunça de muita gente e sempre é corrido porque tem cruzamento de modelos, o desfile tá atrasado, então você tem que ficar quietinha e arrumar o seu canto, de onde você é forçado a criar nas condições existentes.

     ©Aurea Calcavecchia

    Quando eu vejo uma foto minha de backstage no destaque do site, fico pensando se a pessoa que está vendo imagina o caos que estava por trás. É engraçado isso, a história que o leitor tem na cabeça dele na hora que ele vê as imagens que os fotógrafos estão criando no meio da correria. No pit a mesma coisa, talvez o leitor pense que a modelo está lá para aquele fotógrafo, mas, na verdade, ela está ali na frente de um monte de fotógrafos que estão um em cima do outro. O que eu tenho feito para captar uma coisa diferente, porque eu não tenho o compromisso de fazer o pit, é fotografar da fila A, porque você já não está no mesmo lugar que todo mundo [está] e a modelo não está parada na sua frente da mesma maneira que ela está parada na frente do pit, então é uma alternativa para tentar fazer uma coisa diferente, talvez mais poética.

    [Criar uma imagem que viaja o mundo através da internet] é uma coisa muito louca porque o momento que você fotografa é muito íntimo, só você sabe o que você está passando ali, é o seu olhar. Na hora que você fotografa, durante a temporada, você não pensa muito, tem que fazer, não há grandes filosofias por trás. A foto acaba se tornando maior porque cada um tem sua interpretação daquela imagem, vai ter uma pessoa que vai acreditar que eu fiz aquela foto pensada e às vezes até foi, mas em outros eu fiz aproveitando a perspectiva que tinha naquele lugar em que estava.

    Lucas Landau (Freelancer, nesta temporada está cobrindo para O Boticário)

    Lucas Landau ©Reprodução

    Já cubro o Fashion Rio há seis anos e o SPFW há quatro. Já conheço muita gente e com o tempo você vai aprendendo os macetes e melhorando, mas é sempre tenso e cansativo porque é uma correria muito grande. Dependendo do cliente a gente tem que cobrir tudo, se ele pede temos que cobrir backstage, fila A e pit. Eu cobri Fashion Rio para a “Rolling Stone” por dois anos, e a redação da revista fica em São Paulo e só tinha eu aqui no Rio, então tinha que fazer backstage, depois saia correndo para fazer a fila A e quando a luz da sala era apagada eu corria para o pit e depois ainda tinha que enviar tudo, então é mesmo uma correria e muito cansativo, mas com o tempo você vai conhecendo as pessoas e elas vão te ajudando, e você vai se adaptando às exigências do evento e o trabalho fica melhor.

    Imagem quase poética de um backstage do Fashion Rio Verão 2013 ©Lucas Landau

    Quanto a manter elementos autorais é bem complicado, depende da foto. Em backstage é mais fácil imprimir a sua linguagem porque é uma foto que tem uma luz mais legal, a modelo maquiada e com o cabelo pronto, então tudo facilita para que a foto fique bacana, até porque lá existe mais liberdade para “pirar” ou brincar. De todo o evento é a foto que mais gosto de fazer. Mas, por exemplo, fila A é muito difícil você criar uma linguagem diferente, porque é chegar lá e bater uma foto da cara da pessoa e acabou. Aos poucos, com a experiência, aprende que é possível pegar uma luz diferente ou um ângulo diferente, com mais ou menos desfoque, e aos pouquinhos você vai colocando sua linguagem, mas isso tem que ser muito bem conversado com o veículo que você está trabalhando. Sou a favor de imprimir sua linguagem em todas as fotos, desde fotos de celular a fotos de desfile, backstage e fila A, mas algumas são mais fáceis, outras mais difíceis. […] O mais legal é quando você passa a ser reconhecido pelo seu olhar e o cliente gosta desse olhar e sabe que vou fazer determinada foto bem.

    [Sobre a dificuldade de atingir a notoriedade no fotojornalismo] Na verdade, a maioria das pessoas que trabalha com moda quer um dia se tornar um Jacques Dequeker ou um Bob Wolfenson. Eu, particularmente, nem busco esse caminho porque gosto mesmo de fotojornalismo e o que eu acho mais legal de trabalhar aqui é isso: não quero ser um fotógrafo de moda especificamente, quero ser um fotojornalista. Mas por trabalhar mais com o fotojornalismo as pessoas realmente não te conhecem muito pelo nome, então é mais pela imagem mesmo. É difícil, às vezes é meio chato você não ser reconhecido pelo seu nome, algo que, tenho certeza, todo fotógrafo busca. […] Eu busco sempre associar o meu nome as minhas fotos, é um marketing pessoal ativo.

    Ágatha Verão 2012/13 ©Chris von Ameln/Agência Fotosite

    + Confira todos os desfiles do Fashion Rio Verão 2013

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