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    Jovens empreendedores: a história emocionante da marca de sapatos Louloux
    Jovens empreendedores: a história emocionante da marca de sapatos Louloux
    POR Camila Yahn

    Cristiano Bronzatto na última edição da loja temporária da Louloux em São Paulo ©Ricardo Toscani

    Com desenho e criação de Cristiano Bronzatto, 39, a Louloux é uma marca de sapatos e bolsas colecionáveis – a produção dos modelos é limitada e é pouco provável que se repita -, que baseia as suas vendas na loja online e em bazares temporários que faz em várias cidades pelo Brasil. O próximo será em São Paulo, na Vila Madalena, do dia 6 a 22 de dezembro.

    Mas o gaúcho Cristiano tem mérito duplo. A Louloux, que em 2008 parecia ir de vento em popa, sofreu com a crise mundial. E teve que refazer todo o trabalho construído até então. Mas isso não abalou o seu fundador, que deu a volta por cima, se reergueu e graças a isso hoje tem uma marca totalmente sustentável, trabalhando com restos de couro que sobram da produção das grandes fábricas. A empresa continua familiar: “a garota que cuida do Facebook ajuda a carregar o caminhão. E é assim que é!”, diz Cristiano entre risos. A página da marca na rede social reúne de mais de 100 mil fãs. “Éramos 42 pessoas e hoje somos 12. O pico de produção das 42 foram 1.500 pares por mês. Hoje, com trinta pessoas a menos, produzimos 2.500 pares de sapatos a mais e triplicamos o nosso faturamento”, diz.

    Um dos modelos de bolsas da Louloux ©Ricardo Toscani

    Hoje a Louloux produz bolsas e sapatos usados por Fernanda Young, Fernanda Paes Leme e Carlinhos Brown. “A Fernanda apareceu com uma bolsa nossa nos prêmios da “Contigo!” e eu vendi quarenta bolsas dessas em duas horas, conta Cristiano. Os preços são acessíveis e não ultrapassam os R$ 300 porque Cristiano acredita que não adianta criar nada que seja difícil de comprar. A sua história é inspiradora e vale a pena conferir na entrevista a seguir:

    Sua família tem tradição em sapatos. Como foi o processo de abertura da Louloux?

    Venho de uma família de varejistas de sapatos e convivi a minha vida inteira com o produto. Queria ser arquiteto, era a minha vocação, mas era muito difícil e resolvi abrir uma loja de sapato. Quando eu estava já mais familiarizado com o mercado, vi que todas as marcas com as quais eu trabalhava “bebiam da mesma fonte” e faziam um produto similar. Em dias de movimento fraco eu ficava desenhando sapatos e inventando modelos novos. Até um dia em que um representante de uma marca olhou os meus desenhos e falou que era melhor que o da estilista da fábrica que trabalhava para ele. E perguntou por que é que eu não desenvolvia os meus desenhos. Fechei a porta da loja e três meses depois estava em Novo Hamburgo estudando com um estilista espanhol, José Maria Carrasco Mena, que considero meu mestre. Ele me mandou para a Espanha e fiquei lá por três anos. Quando voltei fui trabalhar numa companhia de exportação atendendo as contas de empresas gringas. Comecei a criar uma visão de produto e uma vontade. Não deu um ano e saí da empresa. Tinha R$ 1.500 no bolso quando resolvi começar a Louloux.

    Um dos modelos de sapato da Louloux ©Ricardo Toscani

    Como foi no início? 

    Eu tinha um só produto, com cinco modelos. Eu mesmo fazia e vendia, ia de porta em porta nas lojas. E a primeira venda foi ótima! O negócio capitalizou e vi que não podia mais trabalhar no porta-malas do meu carro e que precisava de uma sala. Aluguei a sala, chamei uma garota que trabalhava comigo na empresa anterior e começamos a criar os primeiros modelos. Tudo em formato convencional: vendíamos para as lojas, fazíamos feiras, tirávamos pedidos, fabricávamos, entregávamos, cobrávamos. No final do primeiro ano já tinha 12 pessoas trabalhando comigo. Alugamos uma casa e montamos uma pequena fábrica na garagem que fabricava no máximo uns 50 pares de sapatos por dia.

    E quando saíram desse circuito e se transformaram em uma marca bem sucedida?

    Em uma das feiras que fazíamos, fomos descobertos por uma pessoa que estava fazendo uma seleção da APEX de marcas que representariam o Brasil em um evento no Japão, o Brasil Fashion Now, em 2007. Fiquei super empolgado porque junto comigo estavam marcas como Ronaldo Fraga, Isabela Capeto, Cavalera… Foi uma grande surpresa.  Gastamos o que não tínhamos, atolamos todos os cartões de crédito, mas fomos para o Japão. E esse momento foi quando tudo mudou. As pessoas passaram a olhar um pouco mais pra nós e passamos a receber convites para feiras internacionais.

    E começaram a vender para fora?

    Focamos tudo no mercado internacional e em 2007/2008 fizemos todo o circuito de feiras importantes. Abrimos uma loja própria em Nova York e vendemos muito. Tudo ainda no modelo convencional de ir até às lojas, tirar pedidos, fabricar e entregar, só que com lojistas. Em 2008 a Louloux vendia em 19 países, mas infelizmente em outubro o mundo quebrou. A loja de Nova York, no Lower East Side, que ia super bem, passou a não vender nada e ficamos só com um aluguel caro. Ficamos mais uns três meses lá, perdendo dinheiro.

    E a Louloux faliu?

    Foi terrível. Foi um golpe muito forte para a marca. Aquela garagem na casa já tinha se transformado em uma fábrica com 42 funcionários, uma fortuna investida em compra e despesa e do dia para a noite ficamos sem pedidos. Vendi tudo o que eu tinha, joguei na fábrica e fiquei sem nada. Aguentamos mais um ano, mas em setembro de 2010, a Louloux faliu. Ficamos desesperados. Quando foi todo mundo embora, olhamos para trás e vimos que tínhamos ficado com todo o desperdício, o material que se comprou a mais e sobrou. Restou-nos uma prateleira de fracassos. Imagem da má administração e da falta de sorte. A história terminou comigo andando de bicicleta com R$ 12 no bolso. Paguei todo mundo e acabei com R$ 12 e aquela prateleira de couro.

    Modelos da marca na loja temporária em São Paulo, todos feitos com reaproveitamento de couro ©Ricardo Toscani

    E como foi a retomada?

    Começamos a tirar umas fotos dos sapatos que tinham restado, das encomendas dos clientes que não tinham sido pagas, e colocamos em uma loja virtual. Tínhamos uma página no Facebook com cerca de 500 fãs, que eram basicamente os meus amigos de Porto Alegre. Passamos a fazer e isso começou a dar uma grana representativa. Eu estava endividado, não tinha crédito e ninguém queria vender mais nada para mim.  Então meu primo se dispôs a botar o nome dele para abrir uma nova empresa e começamos a trabalhar para pagar as dívidas. Pouco tempo depois surgiu o convite para fazer um bazar em Búzios. Ficamos 15 dias, vendemos bem, e já que já estávamos em Búzios decidimos vir a São Paulo. Em março de 2011 chegamos em São Paulo pela primeira vez para um salão em um hotel na rua Augusta, um salão horrível. Mas muita gente foi e comprou. Usamos o dinheiro para fazer mais sapatos e assim o negócio começou a crescer de novo.

    Qual o principal diferencial da marca?

    Quando eu me vi com toda aquela sobra de couro na prateleira, pensei, “uma fábrica pequena como a Louloux gera todo esse desperdício, imagine uma empresa grande!”. Existem uns armazéns de caras que compram esses desperdícios das fábricas e revendem, em uma espécie de mercado paralelo. Hoje trabalhamos em cima disso, garimpando esse material. Produzimos mais de 40 mil pares por mês todos com material que as marcas desperdiçam. Hoje o meu trabalho é muito mais desafiador porque eu tenho que sair e encontrar as cores que eu quero. E na hora de fazer um produto, procuramos adequá-lo a um preço que a cliente consiga pagar. Não adianta fazer coisas que as pessoas não podem comprar. Eu quero ver os meus sapatos nos pés das pessoas, sapato em vitrine não leva ninguém a lugar nenhum. Não adianta ser sustentável para poucos.

    Vitrine da marca em São Paulo ©Ricardo Toscani

    Quem são as clientes da Louloux?

    A marca foi construída pelos fãs. A gente não tem clientes, a gente tem “fanstumers” [mistura de fãs com customers, clientes em inglês], sempre tivemos uma relação de abertura com o cliente. De falar mesmo que falimos, que estamos tentando recuperar, que a gente é uma marca pequena, e que o nosso maior atributo é o produto. A página do Facebook e a loja virtual foram crescendo. Hoje temos 100 mil fãs no Facebook e a relação continua a mesma, humana e verdadeira. A minha cliente se orgulha da marca porque ela viu tudo isso acontecer.

    Por que o nome Louloux?

    Louloux era uma namorada que eu tinha quando comecei a marca, que eu era apaixonado, então era uma declaração de amor para ela.

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