Marc Jacobs produziu grandes momentos durante seus 16 anos na Louis Vuitton. Transformou a marca em uma gigante e das mais desejadas do planeta. Estreitou a relação da moda com a arte, propondo colaborações com artistas renomados ou talentos em ascensão. Antes da era Jacobs, a marca não desenvolvia nenhuma linha de prêt-à-porter e investia toda a sua energia em produtos de couro. Hoje, a Louis Vuitton é líder no segmento de luxo e a coleção de sucessos comandados por Marc é tamanha que o próximo que virá terá uma missão difícil ao substituí-lo. Saiba tudo aqui sobre a saída do estilista da maison

Sua história começa no início dos anos 1990. Em 1992, foi demitido da americana Perry Ellis, onde era diretor criativo, após mostrar uma coleção de inverno com inspiração grunge. Mal sabiam eles que era o aviso para uma grande tendência, na moda e na música e que até hoje é revisitada (hello, Slimane!). Em seguida, foi contratado pela Louis Vuitton com uma indicação de Anna Wintour. O resto é história.

Abaixo, fizemos uma seleção de grandes momentos de Jacobs à frente da Louis Vuitton, em seus 16 anos na marca:

Primeiro desfile do designer na Louis Vuitton

Na temporada de Inverno 1998, o jovem Marc Jacobs apresenta a sua primeira coleção para a Louis Vuitton, em Paris. Sem música – a coleção era puro minimalismo -, Jacobs iniciava assim o seu relacionamento com a marca que duraria por 16 anos. Relembre no vídeo abaixo:

Colaboração com Stephen Sprouse

A parceria começou na coleção de Primavera 2001, quando Marc convidou o artista americano para grafitar os acessórios da marca, criando assim a estampa Monogram Grafite. Sprouse faleceu em 2004 aos 50 anos, e sua estampa Leopard, criada em 1987, foi utilizada por Jacobs como homenagem póstuma ao artista nas coleções de Inverno 2006 e 2008, em bolsas, sapatos e lenços. Desde então, e devido ao seu sucesso, esta é uma parceria que vem sendo constantemente revisitada pela Louis Vuitton em suas linhas de acessórios. A logomarca grafitada estava, inclusive, no look que abriu e fechou o último desfile de Marc para a Vuitton.

Parceria com Takashi Murakami

O contato entre a Louis Vuitton e o pintor, escultor e artista japonês Takashi Murakami surgiu em 2003, quando Murakami re-interpretou o monograma da marca criando o Monogram Multicolore, e novamente em 2009 quando o artista criou a coleção Cosmic Blossom, em que imprimiu flores de cerejeira e cerejas em bolsas da marca. As peças viraram hits absolutas e são um sucesso até hoje.

Parceria com Richard Prince

Continuando sua colaboração com artistas de vanguarda, Marc escolhe o pintor e fotógrafo americano Richard Prince, com quem criou uma coleção de bolsas, a Monogram Aquarel Collection e em quem se inspirou para o seu desfile icônico de Verão 2008. Stephanie Seymour, Eva Herzigova e Natalia Vodianova desfilaram looks criados com base nas enfermeiras que Prince retratava em seus quadros. Este desfile é um dos mais memoráveis do legado Marc/Vuitton.

Parceria com Yayoi Kusama

A ideia para a “Infinitely Kusama” surgiu durante uma viagem da Louis Vuitton a Tóquio, onde Marc Jacobs se sentiu atraído, como o mesmo descreve, pela “energia interminável” da “princesa dos polka-dots”. A coleção chegou às lojas em julho de 2012 e conta com roupas, bolsas, sapatos e acessórios com a icônica estampa de bolinhas, característica da artista japonesa.

Desfile Inverno 2004

Um dos desfiles de início de carreira mais marcantes de Marc Jacobs para a Louis Vuitton. Com a passarela coberta de neve, muito pelo, tartan e tecidos pesados, Jacobs provou mais uma vez a sua capacidade de releitura e transformação de conceitos. E Lily Cole, com apenas 16 anos, foi escolhida para abrir o desfile. A inspiração veio de uma viagem que o designer fez com a sua equipe criativa à Escócia. A apresentação foi dedicada a Stephen Sprouse, amigo e parceiro, que havia falecido no início daquela mesma semana.

Documentário Marc Jacobs & Louis Vuitton

Realizado em 2008 pelo francês Loïc Prigent, o documentário mostra como é a rotina de Marc Jacobs como diretor criativo da Louis Vuitton e como o designer caminhou junto com a marca nos últimos tempos. O filme conta com testemunhos de personalidades como Anna Wintour e Sofia Coppola. Veja um trecho abaixo:

Modelos e musas

Em seu último desfile para a LV, Jacobs homenageou as mulheres que o inspiraram ao longo de sua carreira. Em um texto divulgado, ele menciona nomes como Coco Chanel, Jane Birkin, Catherine Deneuve, Madonna, Lady Gaga, Miuccia Prada, Anna Wintour, Diana Vreeland, Katie Grand, Cher, Sofia Coppola e Kate Moss, entre muitas outras. Todas mulheres que o ajudaram ao longo de sua carreira, que de alguma forma participaram da sua vida ou que apenas serviram como forte inspiração.

Exposição “The Art of Fashion”, com curadoria de Katie Grand

A exposição é uma celebração da criatividade de Marc Jacobs para a Louis Vuitton retratada por meio de 30 looks-chave, escolhidos pela stylist e amiga Katie Grand, editora da revista “Love”,  e que trabalha com Jacobs desde 2003. A mostra estreou em Milão em 2011 e foi exibida durante a Triennale.

Katie Grand: super stylist, super amiga e super colaboradora

A relação entre Marc e a britânica Katie começou por volta de 2006, época em que foi convidada para assinar o styling dos desfiles da Vuitton. Katie foi, sem dúvida, uma grande força que ajudou em seu processo criativo. Ela ainda é uma das mais brilhantes criadoras de imagem de moda no mundo e é editora-chefe da revista “Love”.

De acordo com uma entrevista que o designer deu ao Style.com, a sua relação é baseada no senso de humor bizarro e em um vídeo de YouTube que fez sucesso em 2007, Charlie the Unicorn. “Assista ao vídeo e você vai entender a nossa dinâmica”, ele explicou ao veículo:

Campanhas 

As campanhas criadas por Marc Jacobs para a Louis Vuitton são, desde sempre, memoráveis. Com personagens como Scarlett Johansson, Madonna e Michelle Williams e tops como Christy Turlington, Kate Moss, Karen Elson e Natalia Vodianova, clicadas por mestres como Steven Meisel – as campanhas da marca sempre estreitam a linha fina que separa moda e arte ao mesmo tempo que é cada vez mais eficaz em sua comunicação com o público.

Desfile Carrossel

Na temporada de Verão 2012, a Louis Vuitton montou no Louvre, em Paris, um carrossel em tamanho real para apresentar a coleção leve que o estilista criou para a marca. Kate Moss fechou o desfile que Jacobs descreveu como “carinhoso, mas forte”. Este é apenas um dos exemplos das cenografias grandiosas e milionárias criadas durante sua era.

Desfile Locomotiva

Conectada à filosofia da marca, relacionada à arte de viajar, a Louis Vuitton criou um trem que serviu de pano de fundo espetacular para o desfile de Inverno 2013. Marc bebeu na história da grife, que sempre foi forte em malas e baús de viagem e ainda presenteou o público com um momento memorável.

Conexão Paris – Xangai

Em 1992, a marca abriu a sua primeira loja na China, no Palace Hotel em Pequim, sendo uma das primeiras marcas europeias de luxo  a faze-lo. Hoje a grife tem mais de 100 lojas no mercado asiático. Sublinhando a importância do mercado asiático, a Louis Vuitton apresentou sua coleção de Inverno 2012 em Xangai, exatamente com o mesmo desfile que fez em Paris. A ação rendeu um site em que os visitantes podiam acompanhar o percurso do trem da Louis Vuitton, de Paris a Xangai. Na cidade, a marca abriu uma de suas maiores lojas no mundo. Trabalhando com agilidade e sempre em parceria com o lado comercial, Marc e Vuitton transformaram-se em um gigante com grande presença na Ásia.

Desfile Verão 2013

Mais um cenário impressionante e que traz à tona a colaboração com outro artista. A cenografia assinada pelo francês Daniel Buren é uma das mais lembradas da história recente da moda, assim como a coleção com estampa xadrez bicolor com quadrados largos, que virou febre e um prato cheio para muitas cópias.

Desfile Verão 2014

Marc Jacobs despede-se da Louis Vuitton após 16 anos de casa. Com uma coleção inteiramente preta (além de algumas peças em jeans azul), ele fez uma homenagem às showgirls que existem dentro de cada mulher. E mais uma vez, a cenografia era uma obra à parte, com a reunião de grandes cenários históricos da Vuitton em um só.