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    Beleza natural
    Beleza natural
    POR Camila Yahn

    Sachi em sua casa, em entrevista ao FFW ©Juliana Knobel/FFW

    A designer Sachimi Garcia dos Santos, 42, faz sabonetes, óleos corporais e óleos aromatizantes artesanalmente, em sua casa. Hoje, o que a deixa mais feliz são os agradecimentos e elogios que recebe por e-mail de amigos e de pessoas que utilizam os seus produtos. Cansada da vida de designer e com vontade de trabalhar com as mãos, foi em uma viagem ao Japão, terra de seus pais, onde descobriu os sabonetes artesanais.

    Autodidata em aromaterapia, ela está hoje por trás da marca de cosméticos naturais Sachi, onde faz sabonetes e óleos com produtos 100% naturais, sem nenhuma fragrância artificial, na cozinha de sua casa. A marca ainda é pequena e só vende através do site, mas Sachi pretende faze-la crescer, aumentando a produção e criando novos produtos.

    Descobrimos Sachi na internet, em uma pesquisa de produtos naturais, e fomos até sua casa para descobrir como tudo começou.

    Os sabonetes feitos artesanalmente, vendidos a R$ 15 cada um ©Juliana Knobel/FFW

    Quem era a Sachi antes de começar a fazer produtos naturais?

    Eu sou designer e trabalhava como diretora de arte e designer gráfica. Trabalhei com moda muitos anos, fazia catálogos e campanhas publicitárias para confecções. E teve uma hora que eu senti necessidade de fazer algo com as mãos e como já gostava de cozinhar, comecei a estudar gastronomia no Senac. Depois disso, aconteceram várias coisas, mudei de trabalho e fui para o Japão. Nessa última vez, fiquei três meses e comprei dois livros sobre como fazer sabonete artesanal.

    Por curiosidade?

    Eu sempre gostei de sabonetes e de cosméticos em geral. E também tem outra coisa, nessa época, eu mudei bastante a minha alimentação. Parei de comer carne, comecei a comer comida orgânica e a prestar atenção naquilo que eu estava ingerindo e nas coisas que estava passando na minha pele, que eu achava que tinha muitos elementos químicos. Por isso comecei a me interessar por produtos naturais e quando vi esses livros, resolvi comprar e começar a fazer.

    Quanto tempo demorou até começar a fabricar mesmo?

    Assim que voltei para o Brasil, já fui procurar ingredientes. E deu certo. O que eu fiz virou sabonete mesmo! (risos) Acho que ajudou o processo de fabricação ser muito parecido com o da culinária. Eu uso muito azeite de oliva e até os utensílios parecem muito com os que se usam para cozinhar. Então eu me identifiquei imediatamente. Comecei fazendo as receitas que vinham nos livros e logo comecei a criar as minhas próprias e a fazer experimentos. Dei para os amigos provarem e foi um sucesso, todo mundo gostou. E eu também gostei muito, tanto de fazer quanto de usar os meus produtos.

    Sachi embalando os seus produtos ©Juliana Knobel/FFW

    E quando o sabonete virou um negócio?

    Quando comecei a estudar aromaterapia e a pesquisar mais sobre os óleos amazônicos. Tem muitos ingredientes brasileiros interessantes para a cosmética. Após seis meses eu resolvi que ia começar a vender e montei o site.  O blog eu já tinha, porque eu montei no dia em que fiz o primeiro sabonete, para contar a história.

    Os ingredientes são fáceis de encontrar?

    São relativamente fáceis de achar. Estes óleos amazônicos vêm do Pará, e é de um fornecedor local que envia pelo correio. Esse por exemplo (apontando para um dos sabonetes), tem canela em pó, que você compra no supermercado mesmo.

    E como os produtos são divididos?

    Eu não divido por tipo de pele. Mas todos os meus sabonetes são mais hidratantes do que os sabonetes comuns. Muito mais, porque eles são feitos de uma maneira que mantém a glicerina, um ingrediente que nos sabonetes industrializados é aproveitado para a fabricação de produtos mais caros. É a glicerina que dá essa hidratação. Os óleos essenciais eu também deixo em excesso para ficar realmente um sabonete muito hidratante. Eu, por exemplo, lavo o meu cabelo com o sabonete; este (apontando para um dos sabonetes) tem 72% de óleo de castanha do Pará.

    Os óleos corporais e faciais (R$ 31) ©Juliana Knobel/FFW

    Mas tem uns melhores para peles secas, outros para peles oleosas…

    Sim, para a pele seca tem um com mel, que é super hidratante, e para a pele oleosa tem um que chama Sabonete de Sal Rosa do Himalaia, que é feito com sal mesmo. Esse sal dá uma limpeza e faz uma espécie de desintoxicação. Tem outro também muito bom para a pele oleosa que é todo preto, feito com carvão de bambu. O carvão de bambu é em pó muito fininho e absorve a oleosidade.

    Tem alguma dermatologista que trabalha com você?

    Não. Eu estudei. Sou autodidata nesse campo, mas estudei muito, comprei muitos livros e aprendi bastante.

    Como passou para a fabricação dos óleos?

    Comecei estudando aromaterapia e eles falam muito sobre o tratamento da pele, e eu achei fantástico e fui me interessando, porque eu também questionava aqueles produtos que eu comprava, de marca, caríssimos. Tenho óleos corporais e faciais. O óleo facial é de tratamento. Tem óleo para pele oleosa, o que pode parecer estranho. Mas funcionam. Tenho um a base de óleo de jojoba que não é bem um óleo, é uma resina da árvore. E a textura dele é muito parecida com a do sebo que a gente produz, e acaba sendo muito absorvido pela pele.

    Pensa em lançar outros produtos?

    Eu já fiz várias experiências, mas ainda não coloquei para vender. Já fiz creme labial, perfume sólido. Eu gostaria de me aventurar nos cremes porque nem todo mundo gosta de usar óleo no corpo. Mas os cremes são mais difíceis de fazer artesanalmente, porque precisa de conservantes. Existem conservantes naturais, mas são caríssimos e acho que precisava fazer uma pesquisa maior para começar a produzir.

    Manteiga de Murumuru, uma planta amazônica derretida e misturada com óleo de abacate e óleos essenciais. É muito bom para amaciar a pele dos cotovelos, dos pés e dos joelhos ©Juliana Knobel/FFW

    Quais tratamentos você indica?

    O tratamento para o rosto que eu proponho é a lavagem com um sabonete que não seja muito agressivo, depois tonificação da pele com um produto sem álcool. O que eu uso é água de flor de laranjeira. Água de rosas é boa para pele seca. Tonificar é corrigir a pele. Ao lavar você abre um pouco os poros e a tonificação serve para restaurar o equilíbrio, fechar os poros. Depois eu indico hidratação com um óleo essencial.

    O que exatamente são os óleos essenciais?

    Óleos essenciais são essências extraídas de plantas aromáticas e há milhares deles. Tem óleo de limão, de alecrim, de cipreste, que eu junto aos meus produtos. Eles têm propriedades benéficas para a sua pele, mas também para a sua saúde e para as emoções. É como se fosse um hidratante, mas que dura muitos meses, porque a quantidade que você vai usar na pele é mínima.

    Qual o seu planejamento para o futuro? 

    Quero aumentar a produção e contratar mais pessoas. O que eu tenho é muito pouco, mas estamos crescendo muito. Comecei a ter retorno para pagar o investimento que estava fazendo na marca. Hoje eu faço um lote de sabonete e tenho que deixar em maturação por quatro semanas. O que acontece é que, se você entrar agora no site, só vai ver uns quatro tipos e se entrar daqui a um mês talvez tenha mais ou só um. Para os clientes é chato, eu queria ter sempre todos os produtos disponíveis, mas ainda não consigo que seja assim. Quando coloco para venda esgota muito rápido, sendo que cada sabonete leva um mês pra produzir. Com os óleos e os aromatizantes de ambiente, por exemplo, eu já não tenho esse problema porque faço de acordo com as encomendas. Então o próximo passo é aumentar a produção.

    Qual é o investimento para começar uma produção artesanal, como a sua?

    Investimento inicial eu não sei, sou muito desorganizada com isso. Eu fui comprando e fui fazendo! (risos) Mas precisa de muito tempo. E tem outra coisa. Eu sou designer, então eu mesma criei as etiquetas, faço as embalagens, tiro as fotos, escrevo o blog… Investimento financeiro pode não ser muito, mas em tempo é total, uma dedicação muito grande.

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