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    Economia Criativa
    Economia Criativa
    POR Augusto Mariotti

    Por Luciane Gerodetti, em colaboração para o FFW

    Michael Bedward ©Luciane Gerodetti

    A Economia Criativa ganha asas mais poderosas e raízes cada vez mais profundas. Enquanto acontecia a Conferência Rio+20, que reuniu nomes mundiais desse setor, e na qual o Ministério da Cultura, via Secretaria da Economia Criativa, lançou suas diretrizes políticas e ações para 2011 a 2014, a Escola São Paulo recebeu o professor britânico Michael Bedward, do London College of Communication, expert em criatividade, consultor e facilitador de diversos cursos em empreendedorismo criativo ao redor do globo.

    Desde o ano passado, quando a ministra da Cultura, Ana de Hollanda, nomeou Claudia Leitão para assumir esse novo secretariado, o Brasil está correndo atrás para se atualizar globalmente nesse setor. A Economia Criativa foca na troca entre países de bens provenientes de suas tradições e culturas, onde design, inovação e sustentabilidade são condições essenciais. Sim, temos essa riqueza aos montes, mas ela carece ainda de estruturação, organização e estratégias adequadas.

    Se por um lado a economia vem apostando cada vez mais suas fichas na força desse mercado, do qual Inglaterra e Austrália são pioneiros, por outro, a criatividade, desde sempre, tem o potencial de agregar valor e renovação em esferas muito mais íntimas e subjetivas do ser humano, o que por si só, já faz com que valha a pena ser cultivada.

    Para Michael, a criatividade tem um impacto crucial na vida cotidiana e fica claro a importância que dá a ela quando afirma que  “para ser humano, você tem que ser criativo”. Entre sorrisos abertos, um inglês britanicamente pontuado, ponteiros do relógio mais ainda (seus cursos começam e terminam na hora exata, e os intervalos para o café são orientados por um cronômetro e um apito) e uma agenda bastante apertada, ele achou um tempo para algumas de nossas perguntas.

    Alguns pontos ficaram bem delineados em suas abordagens: a necessidade de desenvolver produtos e serviços a partir do ponto de vista do consumidor; aprender a questionar o que já é determinado em busca de novas visões; e o uso do mind mapping, que consiste em escrever no centro da folha o ponto x, que pode ser um produto ou uma pergunta, por exemplo, e traçar ao redor vários outros círculos, dentro dos quais estima-se possíveis respostas, opções e variantes para o ponto central. E, claro, usar a paixão naquilo que faz.

    Em função da tecnologia e todas as possibilidades do mundo virtual e redes sociais, a nova geração está desenvolvendo um novo tipo de mindset, um raciocínio não linear. Você acredita que esse movimento ajuda a aumentar a criatividade?

    Um tipo de pensamento não linear é absolutamente essencial, principalmente para desenvolver ideias em novos produtos e serviços que satisfaçam as necessidades, vontades e desejos do consumidor. O cérebro trabalha de forma não linear quando seguimos não apenas uma linha de “A” a “Z”, mas quando os pensamentos irradiam em uma espécie de teia de aranha. É por essa razão que eu incentivo clientes e estudantes que trabalham comigo a usar  “mind maps” para gerar e desenvolver ideias.

    Brasileiros são muito conhecidos como um povo caloroso e criativo. Você concorda? Como você percebe e avalia a criatividade no Brasil?

    O Brasil é um país imensamente criativo, muito em função de sua diversidade; entretanto, para ser mais inovativo, ainda é necessário muita melhoria em questões empresariais para dar suporte ao crescimento e ao desenvolvimento de pequenas empresas.

    Como os pais podem ajudar seus filhos a desenvolverem melhor sua criatividade?

    Eu encorajo os pais a proporcionarem um ambiente que apóie as crianças a expressarem sua criatividade da forma que preferirem, seja pela arte, música, dança; e a ensinarem seus filhos as técnicas do “mind mapping”, que os habilita a desenvolverem ideias por meio de uma poderosa forma visual, o que dá a eles um instrumento muito útil a ser utilizado na vida.

    É comum ouvir “Eu não sou criativo”. Você acredita que um adulto que não se percebe como alguém criativo pode mudar esse padrão?

    Acredito fortemente que todas as pessoas são criativas; temos que tomar decisões criativas todos os dias: escolhemos que roupa vestir, suas combinações de cor, entretanto, o potencial criativo pode ser trabalhado e desenvolvido usando uma gama de instrumentos e técnicas criativas. Meus cursos visam aumentar o nível de criatividade e inovação através delas.

    Você acredita que pessoas cujos empregos são considerados “não criativos” podem usar técnicas criativas para melhorar o trabalho?

    Acho importante que pessoas nesse tipo de trabalho reconheçam o valor da criatividade, principalmente em áreas como Ciência, Tecnologia, Engenharia e Matemática, áreas em que, infelizmente, o Brasil está ficando para trás em relação ao resto do mundo. Minha ambição seria criar um curso com minhas técnicas visando ambos os setores, criativo e não criativo, para descobrir quais novas ideias e insights podem surgir da intersecção entre arte e ciência.

    Na sua experiência, como você combina intuição com razão para produzir criativamente? São ambas importantes e necessárias?

    O perfil do empreendedor mais criativo é altamente intuitivo, mas para muitas pessoas a intuição vem de uma experiência embasada na razão, de forma que, no meu ponto de vista, sem essa vivência racional, é difícil ser intuitivo, principalmente  quando precisa tomar decisões de trabalho.

    Atualmente, o fast fashion é um mercado em expansão, baseado em copiar e multiplicar. Como você vê a criatividade nesse modelo de mercado? Ele pode ser uma ameaça?

    Na minha visão, o fast fashion é mais sobre inovação que criatividade, isto é, ele satisfaz uma necessidade/vontade do consumidor, oferecendo algo que ele quer comprar, mas sem dar origem a algo novo.

    Certa vez, ouvi que “Expressão é o oposto da depressão”. Você concorda que a criatividade pode ajudar a tratar depressão e melhorar a qualidade de vida emocional?

    Acredito que a criatividade é a força de vida de cada ser humano e pode ser usada para combater tanto doenças mentais quanto físicas.

    Trabalhando com criatividade por tantos anos, qual é a maior lição que ela trouxe para sua vida?

    Criatividade tem sido absolutamente essencial em minha vida, e sinto imensa satisfação quando consigo expressá-la em todo seu potencial, principalmente no meu primeiro trabalho como produtor de rádio e televisão na BBC. Atualmente uso minha criatividade de formas diferentes, em meu trabalho acadêmico, de consultoria e facilitador de cursos em desenvolvimento de projetos criativos. Eu trabalho para ajudar outras pessoas a transformarem suas ideias em produtos e serviços inovadores que atendem diretamente a demanda de um consumidor.

    + Pra pensar: o que é Economia Criativa e como ela pode transformar o mundo?

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