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    Trabalho escravo e a moda: o que, por que, como – e até quando?
    Trabalho escravo e a moda: o que, por que, como – e até quando?
    POR Redação

    zara©Divulgação

    UPDATE “caso Zara” (20.12.11)

    O caso Zara continua gerando notícia. A marca espanhola, pertencente ao mega grupo Inditex, assinou um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) com o Ministério Público do Trabalho comprometendo-se a investir R$ 3,4 milhões em ações de caráter preventivo e a responsabilizar-se caso algum de seus fornecedores ou empresas terceirizadas voltem a empregar trabalhadores de forma irregular. Assim, caso seja averiguada a reincidência da Zara ou de suas contratadas em questões de ordem trabalhista, a empresa será obrigada a subsidiar R$ 50 mil para um fundo de emergência que apoie o funcionário migrante.

    Inicialmente, o Ministério Público do Trabalho pretendia o pagamento de R$ 20 milhões em indenizações por parte da Zara. No entanto, com a lentidão do processo e com a aceitação da marca espanhola em assumir a responsabilidade sobre as suas parceiras, o órgão público aceitou o acordo citado acima.

    Victoria’s Secret

    Recentemente, em uma investigação realizada pelo site Bloomberg foi averiguado que o algodão orgânico utilizado em boa parte dos produtos da marca Victoria’s Secret vem de uma fazenda em Burquina Faso, país africano, que emprega mão-de-obra infantil.

    O artigo, publicado em 15 de dezembro, relata as condições em que crianças, como a jovem Clarisse, de 13 anos, trabalham nas plantações que fornecem a matéria-prima para a marca de lingeries americana. Em 2007, a Victoria’s Secret afirmou que a “parceria” com as fazendas de algodão em Burquina Faso eram resultado de um acordo de livre-comércio que visava o apoio à utilização de materiais orgânicos e beneficiava plantadoras africanas. Ainda de acordo com o site, tais incentivos deram origem a muitos casos de exploração infantil, já que no país em questão a população vive com menos de dois dólares (cerca de quatro reais) por dia.

    Sobre o conhecimento da Victoria’s Secret a respeito desta prática, o Bloomberg não conseguiu nenhuma comprovação. A vice-presidente de Comunicações da empresa detentora da Victoria’s Secret, Tammy Roberts Myers, afirma que o grupo não estava a par da situação e desaprova o trabalho infantil.

    ____________________________________________________________________________________________

    A notícia já foi reproduzida nos principais sites de notícias do Brasil e é topo do trending topics nacional desde ontem (16.08) à noite, quando uma reportagem especial do programa “A Liga”, da TV Bandeirantes, mostrou as condições de trabalho irregulares de trabalhadores em uma oficina de costura em Americana, interior de São Paulo, que produzia peças de roupa para a Zara, do grupo espanhol Inditex.

    O vídeo, que você assiste na íntegra abaixo, denuncia as condições sanitárias e de segurança dessa oficina terceirizada, em uma situação descrita como “análoga à escravidão” pela agência de notícias Repórter Brasil, que acompanhou a mesma investigação retratada na reportagem da Band e que publicou um relatório bem completo sobre o caso.


    Fios elétricos desencapados, alvenaria improvisada, extintores vencidos, alimentação precária, higiene deficiente, falta de equipamentos adequados, ausência de registro trabalhista, impedimento de livre circulação e, principalmente, as longas jornadas de trabalho que chegam a até 14 horas diárias são apenas algumas das irregularidades flagradas pela equipe da “A Liga”.

    A própria reportagem questiona, então, o que leva tais trabalhadores a saírem de seus países e buscar empregos na indústria têxtil brasileira. Um funcionário da oficina que não quis mostrar o rosto no vídeo explica: a busca por melhores condições de vida. Em seu país de origem, ele conta que ganhava um salário de 800 bolivianos, equivalente a cerca de 170 reais; já no Brasil, ganhando por peça costurada, ele consegue 900 por mês, — mas a custo das condições descritas acima.

    A agência de notícias Repórter Brasil afirmou que o grupo Inditex, dono da Zara, classificou o caso como “terceirização não autorizada”, já que a contratação da oficina foi feita por uma empresa intermediária contratada pela marca espanhola. História que, infelizmente, não é novidade na indústria da moda, nacional ou internacional. Para quem quiser se aprofundar nesse assunto, um material bem interessante é o filme “Gomorrah” (2008), baseado no livro homônimo do jornalista italiano Roberto Saviano, que documentou nessa obra a ação da máfia de seu país e que, por isso, vive hoje sob proteção do governo. No longa, o personagem Pasquale é um alfaiate de alta-costura que passa a treinar operários chineses concorrentes da máfia dominante. Veja o trailer abaixo:

    E daí vem a pergunta que você provavelmente está se fazendo agora: “por que casos como esses continuam acontecendo em pleno século 21 – e o que pode ser feito a respeito?”. Cobrar ações do governo na criação e regulamentação de leis trabalhistas? Aumentar as multas nos casos de comprovação de irregularidades? Fornecer subsídio a empresas da indústria têxtil para equilibrar a concorrência desleal de importados baratos?

    Quem sabe? Mas a melhor solução, talvez, seja a que o jornalista e ativista social Leonardo Sakamoto, coordenador do já citado Repórter Brasil, sugeriu em reportagem da “Trip” de março deste ano, retuiada por ocasião da polêmica envolvendo a Zara: o poder do consumidor. “Quando você compra, deposita seu voto na empresa, na forma como aquela mercadoria foi produzida. É uma ferramenta que pode até ser mais forte do que o voto eleitoral, porque você tá ‘votando’ todo dia. O ato de compra é um ato político”, ele opina.

    Abrindo a discussão para os leitores: o que você acha que poderia ser feito para dar fim a essa situação?

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