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    Saiba o que a editora Franca Sozzani pensa sobre photoshop, blogs e anorexia
    Saiba o que a editora Franca Sozzani pensa sobre photoshop, blogs e anorexia
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    franca-materiaFranca Sozzani ©Reprodução

    Franca Sozzani é uma das mulheres mais criativas e poderosas da moda no globo. Editora-chefe da “Vogue” italiana há 22 anos, ela usa a revista como plataforma para publicar imagens das mais impactantes vistas em um veículo de moda, pois além do quesito impacto, elas também têm uma preocupação estética grande e bastante personalidade. De todas as “Vogues”, é a italiana a obrigatória para quem trabalha com criatividade. Franca também é personagem polêmica. Ela não tem papas na língua e fala o que acha em entrevistas e, recentemente, em seu blog dentro do site da Vogue.it.

    Essa semana ela deu uma entrevista ao portal “WWD”, veículo exclusivo para assinantes, e o FFW publica os melhores momentos, pois vale a pena serem lidos.

    Quem é o leitor da vogue.it? É o mesmo que o da revista?

    O que faz a “Vogue” italiana diferente é que ela conta a sua própria história, às vezes mais forte do que as outras revistas. A força da “Vogue Italia” é criatividade e imagem. Levar tudo isso para o site não foi muito fácil, porque quando a imagem é tão criativa e exclusiva, pode não ser compreendida por um público maior. Mas nós conseguimos fazer essa transição. Não só trouxemos nossos leitores para o site, como também ganhamos outros, que não liam a revista. Como consequência, a venda da revista, em alguns meses, subiu 27%.

    Quais são as partes mais visitadas do site?

    Graficamente, ele é bem diferente dos outros sites. É rico em notícias, não apenas comerciais, e é fácil de usar. O meu blog é a parte mais visitada, com cerca de mil a três mil leitores diários. Nós criamos agora a seção Photo, em que você pode fazer um upload de suas fotos e criar um portfólio, o que ajuda novos fotógrafos que não têm agentes. Em dois dias, mais de duas mil pessoas publicaram suas imagens lá.

    Você acha que, na sua posição, você deve ser engajada em causas sociais?

    Sim. Por exemplo nós temos uma petição contra sites e blogs pró-anorexia. Se as pessoas dizem que é um absurdo e hipócrito a “Vogue” ser contra a anorexia, eu digo: “Por quê?”. Eu não posso mudar o mundo, mas faço o que está ao meu alcance. Nós temos esse maldito photoshop, em que meninas de 14 anos são tratadas, têm sua barriga diminuída e ficam parecendo mais magras do que são. E qual o problema das pessoas terem rugas?

    Você usa photoshop também?

    Nós usamos cada vez menos. Na verdade, atualmente eu tenho sido bastante contra seu uso. Mas agora é parte do dia-a-dia… Há poucos fotógrafos que não usam photoshop. Mas você não pode dizer que a moda é a causa da anorexia. E a Twiggy nos anos 60? Ou a Jean Shrimpton? Já havia anorexia e não foi por causa delas. É um problema psicológico. 90% das pessoas concordam comigo, mas há 10% que acham um absurdo pelo fato de a “Vogue” ser uma revista de moda e mostrar modelos magras. Quando Kate Moss apareceu, todos falaram “aí está uma anoréxica”, mas ela só tinha 15 anos! E agora todos estão contra ela novamente porque tem celulite. Nós todas adoraríamos ter celulites como as da Kate Moss.

    Como você se sente quando seu blog recebe reações negativas?

    Eu digo: “eles podem ir todos pro inferno”. Falo que estou cansada e que não vou mais escrever no blog e então eles dizem: “ah, continue….”. Escrevo o que penso e sei que não é todo mundo que concorda. Mas se fosse assim, onde estaria o lugar para as controvérsias? Se não há controvérsia, não há opinião. Eu não preciso provar nada para ninguém, pois sou editora dessa revista há 22 anos e acho que posso expressar minhas ideias do jeito que quero. Agora, se você não concordar, a gente pode discutir sobre isso. Eu não digo que estou certa, digo o que penso. É por isso que é fundamental falar com nossos leitores. Eles são muito diversos, é importante entender como eles pensam.

    Você sempre foi reservada e se comunica muito através de imagens. Como você se sente tendo que escrever?

    O que mais me deixa entediada é escrever sobre desfiles porque a minha experiência com eles acontece em um nível visual. Escrever sobre isso é muito difícil, me interessa muito menos e me dá menos prazer também. O que eu gosto mesmo é de lidar com vários assuntos diferentes.

    vogue-italia-2003-2005-2011Edições de fevereiro 2003; agosto 2005 e fevereiro 2011

    O que você acha da moda italiana hoje?

    A Itália está passando por um momento mágico. Em nenhum outro lugar do mundo há uma concentração tão grande de nomes e grifes famosas. E elas são muito influentes. Nos últimos dois anos, a Itália tem estado à frente na criação de moda.

    Como é sua relação com a Anna Wintour?

    Nós somos totalmente independentes uma da outra, mas estamos no mesmo barco. Nunca aconteceu dela propor uma ideia que eu não gostasse e vice-versa. E nós somos muito rápidas, em cinco minutos resolvemos tudo. Somos muito diretas. Não há jogos, somos transparentes. Quando Anna diz uma coisa é aquilo. Ela é uma pessoa fiel e justa.

    É verdade que você acha os desfiles um pouco entendiantes?

    Eu fico um pouco entediada nos desfiles. Os shows devem ser criativos sem ser ridículos, senão é melhor fazer uma apresentação no showroom. E também fico entediada com o que acontece ao redor dos desfiles.

    Celebridades?

    Nem isso. São todos esses fotógrafos, todos esses blogs, essas revistas… Você nem sabe quem eles são. Eles te param o tempo todo e se você não parar, fica com fama de grossa. Eu acho que é uma distração sem razão de ser. Mas, como acontece com as revistas, eventualmente eles serão selecionados.

    Seu post sobre os blogueiros não caiu muito bem para alguns deles.

    Sim, porque eu já falei o suficiente para esses blogs. É a quantidade, todo mundo pode tirar uma foto, colocar no blog e dizer gosto, não gosto. Qualquer um pode fazer um blog. Preferiria que as pessoas achassem seu próprio estilo. Acho Scott Schuman um gênio porque ele criou o Sartorialist, ele criou o conceito. Depois dele, quandos outros surgiram? Milhões, mas ele continua lá. Meu post sobre isso realmente teve muitos comentários negativos.

    Agora que o grupo LVMH comprou a Bulgari, há muitas conversas sobre companhias internacionais estarem comprando empresas italianas.

    Eu não acho isso errado. Se um grande grupo, seja americano, francês, inglês ou alemão, comprar uma marca italiana e a criatividade e aprodução permanecerem italianas, a imagem permanece italiana. Não é Bulgarí (imita sotaque francês) só porque pertence ao Bernard Arnault. Bottega Veneta pertence ao grupo PPR e continua uma empresa italiana, mesmo desenhada por um estrangeiro. Assim como a Fendi. Acho que temos que perceber o mundo na sua totalidade, é a maneira de ter uma visão global.

    Leia a entrevista que Franca deu com exclusividade ao FFW

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