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    Ronaldo Fraga
    Ronaldo Fraga
    POR Camila Yahn

    Ronaldo Fraga, no backstage da sua marca ©Juliana Knobel/FFW

    Ronaldo Fraga é um dos estilistas que mais conta histórias e nos faz vive-las por meio das suas coleções. Inspirado sempre em um personagem da história brasileira, as suas apresentações celebram a criatividade e a cultura do seu país e do seu povo, através da música, das roupas e do próprio desfile, que acaba sempre em festa. Talvez por isso, quando na temporada passada anunciou que se ia afastar das passarelas, o mundo da moda sentiu a falta do designer mineiro e das suas celebrações. Mas Ronaldo não deixou as passarelas paulistas, apenas pulou uma temporada para se focar nos seus projetos paralelos: “Hoje eu tenho outras coisas, o meu negócio não é só o desfile”, conta. De volta nesta edição do SPFW – Ronaldo desfila esta terça-feira (12.06) às 20h30 – o FFW foi saber com o designer qual a sua visão do atual momento da moda brasileira, com a chegada de várias marcas estrangeiras mais industriais e menos autorais.

    Como você vê o momento atual de moda no país?

    A moda brasileira está passando por um momento de “berlinda”. Ela chegou em uma encruzilhada, então como ela vai virar essa esquina e como ela vai caminhar é um desafio que está nas nossas mãos. Porque não é um problema com o Brasil, hoje em dia nós temos um problema que é do mundo. Com a migração da indústria para os países asiáticos, com um país segurando mais, outro menos, mas não deixando de ser uma realidade, o que é que nos tem restado: investir no Brasil enquanto indústria criativa, um grande escritório de criação. E eu acho que isso nós não estamos fazendo ainda. Outra coisa que é real é esse processo de desindustrialização do país, que eu acho muito triste. Em cada temporada, cada vez que uma tecelagem, que faz parte da história têxtil do país, fecha as portas, eu acho lamentável. Mas isso está acontecendo também na Europa. Então o Brasil, além desse desafio, tem outro, que são as sobretaxas. Hoje somos um produto caro e caminhamos para ser um dos produtos de moda mais caros do mundo. E é um contrassenso quando é o segundo setor que mais emprega no país.

    A festa na passarela de Ronaldo Fraga ao fim do desfile da sua coleção Verão 2012, inspirada no sambista Noel Rosa ©Ag. Fotosite

    As marcas estrangeiras estão chegando com força no Brasil. O que as marcas brasileiras vão precisar fazer para sobreviver?

    Tem o lado ruim e o lado bom. O lado ruim é que é uma concorrência desleal e canina porque são marcas que vêm com um investimento bilionário de marketing internacional, coisa que nenhuma marca brasileira tem. Eu acho que é desleal. E são marcas que já estão produzindo em países asiáticos há muito tempo. Então têm custo melhor. O que é que é bom, se formos olhar para o outro lado?  É o momento da criação, da autoralidade. Vão sobreviver no mercado marcas que tiverem alma, que nenhum marketing compra.

    E as pessoas vão preferir comprar um produto mais caro só porque ele é nacional ou tem história?

    Isso é um impasse que há que ser resolvido, precisa de atenção de um setor como o nosso, que é bastante desarticulado. Temos esse desafio, mas também temos que investir nas almas das marcas.

    As suas coleções são todas baseadas em histórias, sonhos e criação. Mesmo com estas mudanças na indústria, é o que você vai continuar fazendo?

    É o que eu sei fazer e o que eu mais gosto de fazer. Eu falo que a melhor coisa que a moda me traz é me levar para lugares que por outras vias eu não iria. E eu acabo indo por essa via das histórias, da criação.

    Este é um desfile quase de revival; como você se sente?

    Eu não esperava que fosse causar o que causou, sendo muito verdadeiro. A intenção era só de pular uma estação. Assim como a minha intenção hoje é de pular uma ou duas se for preciso, mas sempre fazer a história do tamanho da minha estrutura. A minha confecção é uma confecção pequena, tudo é muito centralizado na minha pessoa, e eu quero que seja assim, eu não quero ser um grande empresário, não é a minha vocação. E aquela história de dois lançamentos no mesmo semestre para mim era muito sufocante. E hoje eu tenho outras coisas, o meu negócio não é só o desfile. É o desfile, é o livro, é a exposição, é a direção criativa para outras frentes e isso eu não quero deixar de fazer nunca.

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