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    “Uma marca pioneira não pode ser acomodada”, diz diretor criativo da Topman
    “Uma marca pioneira não pode ser acomodada”, diz diretor criativo da Topman
    POR Redação

    Gordon Richardson, diretor criativo da Topman, na abertura da loja da marca no shopping Iguatemi ©Ricardo Toscani

    A abertura das novas lojas Topshop e Topman no shopping Iguatemi, em São Paulo, contou com a presença de seus respectivos diretores criativos, que vieram ao Brasil especialmente para o evento e receberam a imprensa um dia antes da inauguração para o público, que aconteceu no dia 11 de abril. Kate Phelan e Gordon Richardson, ambos em sua primeira visita ao país, conversaram individualmente com o FFW. A entrevista com Phelan você pode ler aqui; abaixo, segue a de Richardson.

    Gordon Richardson é diretor criativo da Topman desde 2000, mas muito antes disso já acumulava ampla experiência no mercado de moda masculina: depois de se formar no Royal College of Art em 1976, tendo estudado menswear design, ele criou sua própria marca, Joseph and Fiorucci. Em 1978, mudou-se para Paris para desenhar acessórios femininos para Daniel Hechter e progrediu a designer da coleção internacional masculina. Com passagens também pela Sabre International, Kingston University, Arcadia Group, Burton, Principles for Men, Racing Green e Hawkshead, pode-se dizer sobre Gordon Richardson que moda é sua especialidade – e sua paixão: “Eu amo o que faço, sempre amei. Não há nada o que não se amar na moda, não é mesmo? É trabalho duro, mas muito empolgante”, ele disse ao FFW. Veja abaixo a entrevista completa:

    Como você descreve o seu trabalho como diretor criativo da Topman?

    Minha função é liderar a marca em sua interpretação visual. Tenho uma equipe de design e uma equipe criativa, e nós estabelecemos o mood da temporada; somos a força e energia criativa da marca, então olhamos para todos os aspectos que dizem respeito a ela. Na equipe de design há cerca de 10 designers em tempo integral, e eles têm seus assistentes. E temos uma equipe gráfica e de modelagem porque tudo é criado internamente, o que é muito raro em qualquer companhia. Também tem a parte de RP, marketing, de se envolver na direção criativa dos editoriais, campanhas – nosso aspecto visual como marca é muito importante. Isso resume mais ou menos o meu trabalho, que é complexo e cresceu com o tempo – quando comecei, era envolvido apenas na parte de design, e agora também tem o lado criativo.

    Sempre digo que não posso fazer as pessoas comprarem, mas se eu e a equipe conseguirmos fazer com que elas pensem em nós primeiro, então sinto que fizemos nosso trabalho. Espero que quando elas pensem em moda, ou quando queiram estar cool, estar bem, que elas pensem: Topman. Quero que elas façam essa equação em suas cabeças e venham pra Topman. E então que comprem, elas têm que comprar, tem muita coisa boa (risos).

    Duas imagens da campanha de Verão 2013 da Topman ©Divulgação

    Em seus anos de trabalho na Topman, o que você sente que mudou na marca?

    Nem acredito que estou com a marca há 15, 16 anos. Quando começamos, éramos um grupo pequeno, e estávamos apenas vendendo roupas, ninguém pensava no que elas eram. Não eram roupas ruins, mas não éramos uma marca. Iniciamos essa jornada para transformar a Topman, para ela representar algo, especialmente a moda jovem, e fazer isso melhor do que qualquer outra pessoa. Ao longo de 15 anos, fizemos parte de uma explosão do menswear, e acho que de certa forma nós a lideramos. Agora há tanta informação, muito mais marcas, muito mais competição, e temos esse mercado vivo e dinâmico de moda masculina, o que acho fantástico.

    Há muitas revistas incríveis, veículos online, informação de moda… há 15 anos, o que não é muito tempo, havia poucas revistas masculinas, e não havia acesso ao que outros homens vestiam. Agora tem tudo isso, e se você ama moda e quer ser estiloso, há muitos lugares onde buscar informação, enquanto que quando eu era um garoto, só existia o Bowie, e ir a shows de bandas e querer ser como eles – o que ainda acontece, mas há muito mais do que só isso.

    Você sente que os homens estão mais confortáveis com a moda?

    Sim, digo isso com certeza porque trabalho no mercado de moda. Acho que subconscientemente eles estão, eles querem estar bem. Não há motivo para não estar bem hoje em dia. Acho que os homens gostam de inventar desculpas, mas não tem mais escapatória, eles têm que estar bem, e a Topman é um bom lugar para eles buscarem isso, porque temos esse oceano de estilos que são diferentes e atuais. Muitas marcas têm apenas um ponto de vista, mas aqui oferecemos a moda do momento; se você tem curiosidade quanto à moda, você vem para a Topman.

    Que conselhos você daria para um homem que está começando a se inteirar na moda e quer montar um guarda-roupa com mais estilo?

    Você deve identificar o que você acredita ser o seu estilo, gastar o quanto puder em peças-chave, e construir o seu guarda-roupa a partir daí. É uma questão de misturar as coisas: já se foi o tempo em que você compraria uma marca dos pés à cabeça. Olhe para as pessoas que você admira. Leve alguém para fazer compras com você – fazer compras sozinho é incrivelmente perigoso se você realmente não tem noção do que está fazendo. Você precisa de uma opinião sincera: namoradas e parceiros são ótimos, porque vão te falar direto como você está. Temos o serviço de personal shopping, que aprendemos nas duas marcas que é importante, as pessoas querem conselhos, elas querem ajuda.

    Os homens gostam de acertar de primeira, é como comprar um carro: “Quero saber qual é o melhor carro, e quero compra-lo; não quero olhar nenhum outro, eu quero aquele carro, que representa a mim, o meu estilo e o que eu posso pagar”. As mulheres têm naturalmente essa coisa de olhar umas pras outras, olhar a sua volta; homens não se sentem tão confortáveis com roupas, mas isso está mudando, e rápido. Homens querem respostas: “Quando vou sair à noite, uso gravata ou não? Uso um lenço no bolso ou não uso? Diga-me o que é o certo, e eu farei”. E tudo bem também, eu não tenho problema com isso. Colunas de estilo para homens – eu diria que precisamos mais disso.

    Looks da coleção mais recente da Topman, de Inverno 2013 ©Imaxtree

    Dos muitos estilos e tendências que passaram pela Topman ao longo dos anos, há alguma coisa em especial que tenha te surpreendido pela aceitação (ou não) do público masculino?

    A coisa toda do jeans skinny nós achamos que ia pegar muito mais rápido do que pegou. Quem usava jeans baggy só usava isso, e a mudança para o skinny era muito grande, mas depois que pegou, todo mundo passou a só usar isso; não consigo faze-los voltar para o jeans baggy, mas tudo bem, também (risos). Na época foi difícil, mas acho que a Topman é muito boa por ser corajosa — ela se orgulha em ser pioneira na moda, ela tem confiança, então quando a marca acredita em alguma coisa, ela investe nela. E isso faz da gente uma marca honesta: você pode trazer cinco homens pra cá e todos eles saem daqui com um look diferente, mas cada um com um visual incrivelmente cool. E isso é o que me faz feliz, eu não quero que todos eles saiam daqui iguais.

    Você falou bastante sobre as coisas que fazem a Topman ser ótima – mas e o outro lado? No que a empresa poderia melhorar?

    Em tudo. A questão de ser uma marca pioneira na moda é que você não pode ser acomodada, não pode presumir que tudo está bem. Todo mundo está de olho em você, a competição está tentando te alcançar, então pra se manter à frente da corrida, tudo pode ser melhorado. Se você acredita que tudo está certo e se acomoda, você só vai sobreviver mais algumas temporadas; mas se você acha que tudo pode ser melhorado, e se trabalhar criativamente nesse sentido, então será bem sucedido.

    Qual a sua opinião sobre o fast-fashion? Acha que as pessoas vão continuar consumindo nesse modelo de negócios?

    Enquanto houver desejo de estar visualmente bem e dinheiro para ser gasto em roupas, acho que sim, absolutamente. As pessoas vão querer roupas, vão querer estar bem, e vão querer um lugar que lhes proporcione isso.

    E quanto ao modelo de coleções colaborativas? Acha que o formato ainda tem força?

    Isso é algo pelo qual tenho muita paixão, e sempre quis fazer as coisas com integridade, porque se você “compra” um designer, lhe dá dinheiro e diz “venha e crie algo”, isso não tem significado algum. Você tem que trabalhar com designers que enriqueçam a sua marca, senão não tem por que fazer a colaboração. Sempre apoiamos designers jovens, particularmente no Reino Unido, porque é onde estamos sediados. Tenho muito orgulho de fazer parte disso. Acho que o público não se cansa das colaborações se elas têm credibilidade. Estamos prestes a lançar agora uma coleção com dois jovens designers do Reino Unido chamados Agi & Sam, a quem patrocinamos por meio de nossas iniciativas no país. É uma ótima coleção cápsula, muito jovem, que dialoga com a nossa marca, e faz sentido. Se o produto é desejável, o fato de ele ser uma colaboração não deveria importar. Então vamos continuar fazendo colaborações que tenham validade para a marca.

    Preview da coleção da Topman em colaboração com a Agi & Sam ©Divulgação

    Em seus anos de trabalho, quais as maiores mudanças que você identifica no mundo da moda? E que caminhos você enxerga para o futuro desse mercado?

    Você faz perguntas difíceis, mas são interessantes, porque me fazem pensar (risos). Muita coisa já aconteceu, e a não ser que a gente entre em uma era de ficção científica de novos materiais e tecidos, acho que isso não mudará drasticamente na próxima década. O que eu acho que vai acontecer é que teremos mais estilo pessoal, porque a confiança cresce quando você tem acesso à informação.

    A maior explosão foi e ainda é o acesso à internet, porque ele está mudando as coisas tão rapidamente que é difícil prever o que vai acontecer. Se as pessoas compram online e não vão às lojas, como você as atrai a comprar roupas? Talvez o caminho seja saber como deixar as coisas mais atrativas para quem não vai à loja. Ou talvez em cinco ou 10 anos as pessoas estarão cansadas de fazer as coisas pela tela do computador, e ir às compras se tornará muito importante de novo, como um evento, não apenas centrado nas roupas, mas em todo o conjunto, em uma experiência de compras.

    E apesar de eu ter dito que muita coisa aconteceu, ainda há muita coisa incrível por vir, e difícil de prever, mas você tem que seguir atento ao que está acontecendo, tentando olhar pra longe para ser bem sucedido.

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