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    Uhu! Gareth Pugh! FFW bate papo com estilista britânico
    Uhu! Gareth Pugh! FFW bate papo com estilista britânico
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    IMG_5537©Juliana Knobel

    O estilista britânico Gareth Pugh é conhecido por sua moda experimental, pelos vídeos modernos que produz com a diretora Ruth Hogben para mostrar suas coleções e por ser uma das maiores promessas da herança da moda britânica deixada por McQueen e Galliano. Tímido e sempre de preto, tem também quem ache que ele é uma pessoa difícil e arredia. Nada disso. Gareth é um doce, digamos assim. Educado, fala baixo, com tranquilidade e sorri com frequência. Nosso primeiro encontro foi em 2007, quando ele veio dar uma palestra na primeira edição do Pense Moda. Quatro anos mais tarde, muita coisa mudou em sua vida. Agora, está no Rio à convite da Melissa, que vai lançar uma estampa sua em uma das sandálias da marca e, mais para o fim do ano, coloca nas lojas uma Melissa desenhada pelo estilista, assim como fizeram com Zaha Hadid, entre outros profissionais de destaque. Gareth recebeu a gente para um papo em seu hotel em Copacabana, um lugar que até há pouco tempo, fazia parte apenas dos seus sonhos.

    Gareth, como está a sua vida agora? Antes você desfilava em Londres, era ainda um jovem estilista. Hoje você desfila em Paris, um movimento que automaticamente envolve mais pressão.

    Agora eu também estou produzindo em uma fábrica italiana, que passa bastante sofisticação para a peça. Produzir na Itália faz você dar um passo a frente com o seu trabalho.

    A questão da pressão tem mais a ver com a pressão que eu exerço sobre mim mesmo do que a externa. Eu quero fazer o melhor possível. Todo mundo fala do meu primeiro desfile em Paris, mas eu já tinha aquela ideia na cabeça quando fechei com a semana de moda de Paris. Então eu teria feito algo naquela linha mesmo se tivesse desfilado em Londres. Agora lá era uma coisa mais de diversão do que vender roupas. Eu não tinha um estilo de vida exuberante para sustentar, pegava a verba de patrocínio que recebíamos e montava minha coleção e me envolvia em projetos como o figurino da Kylie Minogue. Era muito mais ligado a sonho e fantasia do que a negócios.

    Mas hoje você já não pode mais pensar assim, certo?

    Pois é, e tudo tem sempre a ver com dinheiro. Em Londres, um desfile meu custava 6.500 libras. Em Paris, meu primeiro desfile custou mais de 200 mil. Então você tem que ter um negócio concreto, que funcione. Como a minha ideia é ficar lá, preciso vender roupas. Tem sido um grande aprendizado. Nós não temos mais dinheiro dos patrocinadores, temos que pagar nossas próprias contas, pois em Paris o casting de marcas é muito peculiar. A Chanel não precisa de patrocinador para fazer o maior show da temporada (risos). Lá a gente aprende a andar com nossas próprias pernas.

    Depois que McQueen morreu e Galliano saiu da Dior, ficou um buraco no tipo de moda e apresentação que eles faziam, sempre muito teatrais. Muitas pessoas vêem em você uma possível continuação desse estilo…

    Bom, é muita responsabilidade, mas acho que eu pertenço a uma geração que traz essa herança britânica de estilistas excêntricos. Londres sempre vai produzir gente assim. Quando eu era jovem, olhava muito para Galliano e McQueen e é triste que eles não estejam mais aqui, por razões diferentes. Bom, se essa é uma responsabilidade que eu tenho, é uma responsabilidade bem divertida.

    GP Melissa SandalCroqui da Melissa criada por Gareth Pugh ©Divulgação

    Em duas estações você fez um filme para mostrar sua coleção em vez de um desfile. Essa decisão tem a ver com custos ou é uma área que você tinha vontade de experimentar?

    Eu adoro filmes de moda, acho incrível. Acho extremamente importantes, mas não é qualquer marca que sabe fazer bem. Eu tenho uma parceira que tem um trabalho maravilhoso, a Ruth Hogben, mas trabalhamos duro, não é fácil fazer um filme de alto nível. Claro que você pode gastar milhões nisso, como a Chanel fez ou contratar o Baz Luhrmann, o David Lynch… A Dior chegou a gastar 3 milhões de euros em um desfile. O McQueen mesmo chegou a dizer que já havia reproduzido todos os fenômenos na passarela: fogo, vento, neve…  Às vezes eu fico frustrado com desfile porque, para onde ir depois disso? Onde você vai parar?

    Tem também a questão de que uma apresentação em filme pode ser visto por muito mais gente do que um desfile, mesmo com o livestreaming.

    Sim, o último vídeo teve milhões de views. Imagine um desfile com toda essa gente! É muito poderoso. Além do mais, com fotos de coleção, eu não tenho controle do que as pessoas vão fazer com essas fotos, de que forma elas serão usadas. Com o vídeo eu tenho o controle de volta.

    E você ainda consegue trabalhar de maneira experimental como antes?

    Eu sei que uma semana de moda é business e dinheiro. Mas para mim tem que ser algo a mais que isso. Em Londres eu desfilava e não vendia uma única peça (risos). Agora tenho que vender porque quero me manter no jogo. Mas eu não tenho a ambição de vender milhões de roupas, quero continuar fazendo o que eu amo, em baixa escala, e trazer algo que tenha valor para as pessoas.

    Como foi a experiência com a Melissa, que é uma marca grande?

    Foi um trabalho específico e muito divertido. Essas parcerias são bacanas para as pessoas que não podem comprar uma peça minha de prêt-à-porter poderem ter algo de Gareth Pugh. É importante para mim uma parceria como essa. E a estampa da sandália é muito a minha cara. Ela partiu de um desenho que eu fiz assim que saí do colégio e desde então ele muda um pouco a cada estação. É uma estampa histórica na minha carreira.

    Você não tem site, não tem Facebook, twitter… Onde a gente te acha?

    Realmente, não tenho nada disso! Estava no início do MySpace, mas comecei a receber umas mensagens de gente brava que eu não aceitava como amigos, daí resolvi sair. Eu não tenho tempo e também não entendo por que alguém quer ficar me seguindo. Mas não dá para renegar a internet, pois você acaba sendo deixado para trás. Eu adoro Google Image, acho incrível. Também amo o showstudio, youtube…  Agora, quanto a informações minhas na internet, eu prefiro manter o negócio assim, meio misterioso…

    30743_9441(2)O modelo Ultra-Girl com a estampa desenvolvida por Gareth ©Divulgação

    Faz tempo que você tem vontade de vir ao Rio. Como está sua viagem?

    Estava contando pro meu namorado como é estranho estar no Rio. Eu comparo com a primeira vez que vi Kate Moss, quando ela passou por mim no backstage de um desfile. É uma pessoa que você está tão acostumado a ver em revistas, anúncios e de repente ela aparece na sua frente. É a mesma coisa com o Rio. Depois de ver o Cristo e a praia de Copacabana em tantos postais e na TV, é uma sensação maluca ver tudo isso ao vivo. É maravilhoso, um sonho. Fomos ao Pão de Açúcar e para mim era como uma Disneylandia.

    E você vai vender suas peças aqui em algum momento?

    Eu não cuido dessa parte comercial, de estoquistas, de vendas, mas não sei se minhas roupas são apropriadas para o clima brasileiro. (para e pensa). Bom, é pra isso que serve o ar condicionado, não?

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