Durante o SPFW Verão 2012, o FFW mostrou diariamente as trilhas que embalaram os desfiles. Agora que a temporada de moda paulistana chegou ao fim, conversamos com três DJs que ditaram o ritmo das apresentações para descobrir o caminho criativo que eles percorrem para chegar ao resultado dos sons que ouvimos na passarela.
©Chris von Ameln/Agência Fotosite
Jackson Araujo (fez a trilha de Samuel Cirnasck)
“Eu gosto de pensar sempre a trilha como se fosse a materialização das ideias do estilista, uma forma de dar voz aos modelos da passarela, como se estabelecesse um diálogo entre o estilista e o público. Normalmente eu não gosto de ver as roupas; como fui crítico de moda por seis anos, corro o risco de não gostar da roupa e a trilha pode ficar sem graça. Mas, quando eu me empolgo muito, eu peço pra ver. Geralmente, eu converso com o estilista e, dependendo do envolvimento do stylist, ele também entra na roda. Faço sempre uma primeira leva, uma prévia, sem muita mixagem só para dar a ideia que quero passar, aí a gente vai ajustando. A trilha sonora é pano de fundo, não pode ser mais importante que a roupa nunca. Tem que saber lidar com a ansiedade de quem vai mostrar a roupa. A coisa mais importante é saber que você é coadjuvante e quem vai brilhar é o estilista”.
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Max Blum (fez as trilhas de Alexandre Herchcovitch, Triton, Tufi Duek, entre outras)
“O processo é sempre pesquisa musical o tempo todo, agora que tem uns sete anos que eu trabalho com isso, já acostumei a ouvir as músicas com uma pontinha pensando que pode servir para alguma trilha, mesmo fora da temporada. Não pode ter preconceito musical, porque na hora, cada um vai pedir uma coisa. Tem que ter conhecimento de vários tipos de música e, para criar surpresa e trazer novidade, tem que ter uma abrangência do gosto. Converso com o estilista e vamos ajustando. Tem que ter uma certa humildade, porque o que importa ali é a roupa. Às vezes uma música muito simples funciona muito bem, o importante é funcionar como um todo. Tem que ter em mente que as pessoas estão ali para ver um desfile, a música não vai ser o mais importante”.
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Felipe Venancio (fez a trilha de Lino Villaventura e Reserva)
“A grande verdade é que apenas 500 ou mil pessoas são convidadas para o desfile, e só ali elas escutam a música. É meio de mentirinha, no fim, aquilo vai virar, no máximo, um vídeo mudo na vitrine. Faço esse trabalho há uns 15 anos e vivi vários momentos, já cheguei a fazer 25 desfiles na mesma temporada, hoje faço menos, mas tento fazer com o mesmo drama de 25, se faço três. Hoje a música é mais acessível, então tento trabalhar com uma coisa mais autoral, mais especial, como na gravação que fiz com os músicos para a versão de “She’s a Rainbown”, dos Rolling Stones, para o Lino”.