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    Tommy Hilfiger: “Quando você tem sua própria marca, é o seu bebê. Não se deve fazer babysitting de outra criança”
    O estilista Tommy Hilfiger
    Tommy Hilfiger: “Quando você tem sua própria marca, é o seu bebê. Não se deve fazer babysitting de outra criança”
    POR Redação

    Em 1986, um ano depois de estabelecer sua marca, Tommy Hilfiger comprou um outdoor na Times Square em que, em letras garrafais, se comparava aos grandes estilistas da moda americana na época: Calvin Klein, Ralph Lauren e Perry Ellis. Quase trinta anos depois, Hillfiger é referência das roupas que traduzem o típico lifestyle made in USA (saiba mais sobre o estilista aqui). No Brasil nos últimos dias 10 e 11 de novembro para a comemoração de três décadas de sua marca, com abertura de duas novas lojas (na Oscar Freire e no JK Iguatemi) que integram hoje um total de 32 endereços no País, o estilista, aos 64 anos, conversou com o FFW sobre sua nova fase depois da aquisição da grife pelo grupo PVH, dono também da Calvin Klein (no Brasil o PVH tem uma joint venture com a InBrands, que cuida da marca por aqui), sobre a importância das redes sociais no negócio de moda, a relevância da moda americana hoje e a pressão sobre os diretores criativos de grandes maisons, com inúmeras e novas atribuições, deflagrada pela saída, no mês passado, de Raf Simons da Dior, seguida de Alber Elbaz da Lanvin, além da demissão de Alexander Wang da Balenciaga, na metade do ano.

    A marca Tommy Hilfiger está no Brasil há 17 anos. Essa é a sua primeira vez no País? O que chamou mais a atenção do senhor por aqui?

    Visitei o Brasil uma vez há muitos anos, de férias, essa é a minha primeira viagem a trabalho, representando a marca. Fui à FAAP dar uma palestra, e gostei muito. Também teve a festa da Tommy Hilfiger (na Casa Fares, na última terça). Ah, fui a uma rua com um grafite muito interessante (trata-se do mural “Genial é Andar de Bicicleta”, com um Einstein gigante, do artista Kobra). E sempre adoro ver uma loja nova minha. Essa (da Oscar Freire), de uma certa maneira, é especial. O design é mais moderno do que as outras – a gente sempre desenvolve algo diferente para cada loja. Me lembra o interior de um lindo iate, o que era a ideia inicial.


    As celebrações dos 30 anos da marca Tommy Hilfiger aconteceram em cidades de vários países, terminando em São Paulo. Há mais projetos que ainda estão por vir, como a sua autobiografia?

    Estou no meio do processo de escrita das minhas memórias, que devem ser lançadas no próximo inverno (o livro “Memoirs” estava previsto para ser lançado no fim deste ano, pela Ballantines Book, mas foi adiado), há o planejamento do próximo desfile em fevereiro, em Nova York. E acabamos de fazer um supershow em setembro. Foi o nosso desfile com a maior repercussão até hoje, tivemos 1 bilhão de “impressions”(métrica usada para medir alcance nas redes sociais, baseada na busca do usuário por determinado assunto). Gigi Hadid, Bela Hadid, todas essas supergirls que desfilaram são muito conectadas com as mídias sociais.


    Falando em mídias sociais, nos últimos anos os desfiles da Tommy Hilfiger têm se transformado em superproduções, com cenários grandiosos, como o de setembro passado, inspirado no Caribe. Esse novo posicionamento faz parte de uma estratégia de aumento da repercussão online?

    É um show: tem que ser empolgante, divertido, único e temático, tem que ter tanto significado para a gente quanto para o público. E deve ser conectado com a coleção. De seis temporadas para cá, os desfiles têm sido muito especiais. Queríamos fazer algo altamente visual, por causa das mídias sociais. Se você pensa no Instagram, no Twitter, no Facebook, Snapchat, é tudo visual. E essas visualizações rodam o mundo inteiro, são passadas para pessoas, que passam para pessoas e para outras pessoas. Essas imagens vão ficando na cabeça do público, que vem ver as roupas. E se vem ver as roupas, compra mais. Ao invés de apenas anunciar ou usar meios tradicionais de marketing, investimos nas redes sociais, que têm uma penetração mais psicológica.


    São novos tempos, novas estratégias, novos comportamentos…

    Você tem Instagram? Quanto tempo passa por dia no Instagram?


    Sim, tenho Instagram. Bom, também trabalho com o Instagram por causa do FFW, então devo gastar umas duas horas.

    E é totalmente novo, certo? Há dois anos você não fazia isso. Se você passa duas horas por dia, as pessoas “normais” passam a metade disso, uma hora diária. Elas vêm muitas e muitas imagens. Nós queremos fazer parte dessas imagens. Mas se não são imagens especiais, você passa batido. Você não para, olha, pensa, comenta.


    Há menos de um mês, vimos Raf Simons deixar a direção criativa da Dior, alegando que queria algo mais “calmo”. Pouco depois, Alber Elbaz saiu da Lanvin. Antes de Simons, Alexander Wang encerrou contrato com a Balenciaga. Fala-se muito no excesso de atribuições às quais os estilistas modernos são submetidos: várias coleções intermediárias além das principais por ano, viagens, inaugurações de lojas, eventos. Você acha que o trabalho do estilista, ou melhor, do diretor criativo, se tornou difícil demais?

    Para eles sim (Simons, Elbaz, Wang), possivelmente. Para mim, nos últimos anos, este é o meu prazer. Colocar o máximo de criatividade nisso, porque no fim do dia, nós fazemos uma grande coleção que depois vamos desmembrando. Para mim é uma diversão criar essas coleções que falam tanto com o consumidor. Mas talvez seja porque é a minha própria marca, é diferente. Acho que se falarmos com Giorgio Armani, Ralph Lauren, Dolce&Gabbana, Miuccia Prada, eles não vão reclamar. Raf, Alber, Alexander Wang estavam trabalhando para empresas, com grandes demandas, e talvez seja por isso. Talvez se eles trabalhassem para eles mesmos isso não acontecesse. Alexander Wang voltou para a sua própria marca, para focar nela. E mesmo Marc Jacobs, quando trabalhava para a Louis Vuitton, sei que ele queria voltar para a sua grife. Michael Kors quando estava na Céline, também. O mesmo ocorreu com Narciso Rodriguez e a Calvin Klein. E quem sabe o que acontecerá com Hedi Slimane na Saint Laurent? Ele pode vir e dizer (e faz um gesto com as mãos, tipo: “acabou”). Quando você tem sua própria marca, é o seu bebê. Não se deve fazer babysitting de outra criança.


    Como lidar com o acúmulo de funções e exigências sendo dono do próprio negócio?

    No meu caso, depois de trinta anos, também tenho uma equipe incrível, e essas pessoas são impressionantes e trabalham muito bem como um time. Alguns estilistas são control freaks, não conseguem abrir mão, têm que controlar absolutamente tudo, têm que escolher cada botão, cada zíper. Fui assim por um bom número de anos, mas aí decidi: tenho uma equipe tão boa, eles sabem o que estou pensando, então eles podem escolher os zíperes e os botões, não preciso estar lá a cada segundo. Posso pensar no desfile, na campanha, nas lojas, no mercado, no negócio.


    Há cinco anos, o grupo PVH (também dono da Calvin Klein) comprou a Tommy Hilfiger. O que mudou para você, desde então?

    Não preciso ficar de olho no negócio 24 horas por dia, eles fazem isso por mim. Antes eu tinha que cuidar de tudo: do seguro, do salário de cada funcionário, impostos. Pense em tudo isso: agora não preciso mais pensar em nada. Mas é o meu nome ali, não estou simplesmente trabalhando para uma empresa, então quero proteger, cuidar, alimentar. Todo dia para mim ainda é empolgante.


    Você já disse que não escolhe os zíperes. Como é a sua relação com a criação da coleção, em especial a do desfile?

    Vejo o conceito inicial e dou a direção. Eles me trazem croquis, tecidos, samples, correções e é isso.


    Durante essas três décadas de existência, a Tommy Hilfiger fez parcerias e/ou foi usada por diversos artistas do meio musical, de Mick Jagger a Beyoncé, passando por Lenny Kravitz e Snoopy Doggy Dogg. A música é uma das suas paixões declaradas, você tem uma relação pessoal com Mick Jagger (que usou Tommy Hilfiger no início da grife). Além disso, anos 70 frequentava a cena da noite e da arte, no Studio 54 e na Factory de Andy Warhol. Como você acha que esses artistas o influenciaram?

    Andy Warhol foi uma das principais inspirações para mim, porque elevou a cultura pop a um outro nível, juntou moda, arte, entretenimento, o mundo da celebridade, da maneira dele. Ao mesmo tempo sou superobcecado por música, sempre tive essa influência. Antes de ter dinheiro para anunciar, pensei: se eu vestir os músicos, os fãs deles virão. Quando olho para os Rolling Stones, eles também me inspiram de uma outra maneira: estão no business há 50 anos, tenho 30 de marca, talvez consiga chegar aos 50 ou até mais. E olho para outras pessoas como Karl Lagerfeld, Armani, que estão no mercado há tanto tempo. Se eles ainda estão fazendo, então vamos fazer também!


    Você comprou a marca Karl Lagerfeld (que agora também pertence ao grupo PVH) em 2004. Como isso aconteceu, e quais eram seus planos para ela?

    Conheci Karl, resolvi comprar a grife dele e começamos um plano de construção e expansão de marca. Agora com a compra pela PVH, a grife entrou para o portfólio do grupo.


    Recentemente houve uma polêmica em torno da crise de Marc Jacobs com a própria marca, desde que saiu da Louis Vuitton, e o questionamento sobre se ele ainda seria o grande estilista da nova geração da moda nos Estados Unidos. Qual a sua análise sobre a moda norte-americana hoje?

    Acho a moda americana hoje muito forte. É mais comercial do que a europeia, mas muito poderosa. Se você pensar em Michael Kors, Marc Jacobs, Tory Burch, Tommy Hilfiger, Calvin Klein, Ralph Lauren, Donna Karan, são todas megamarcas. Algumas mais maduras, outras menos maduras, mas aí você também tem os novos estilistas como Alexander Wang, Jason Wu, Derek Lam, Philip Lim, Prabal Gurung. A comunidade de moda americana é muito sólida.


    E como você avalia a performance desses novos designers americanos em termos de design de moda e de postura de mercado?

    Quem fizer o melhor em termos de moda, design, marketing e posicionamento é o que estará na liderança. Quem deixar de focar em algum desses itens, ficará para trás. Você precisa de todos esses mecanismos funcionando ao mesmo tempo.

    Hoje o mercado europeu representa uma boa fatia do seu negócio. Como você quebrou essa barreira com um estilo tão americano, o preppy?

    Preppy é um monte de coisas. Preppy pode ser rock&roll, pode ser esporte, pode ser chique, pode ser…motocicletas. Preppy é a essência, mas dá para fazê-lo de várias maneiras. Preppy é só minha espinha dorsal, e eu o mudo conforme o que é relevante hoje na moda.


    Depois da moda, a música é a sua segunda paixão?

    FAME: Fashion, Art, Music, Entertainment. Essas são minhas paixões.

    Li você falando dessa sua obsessão musical em várias reportagens, contando inclusive que foram elas e artistas como os Stones, Jim Morrison e David Bowie que deram o “clique” lá atrás para que você entrasse no mundo da moda. Parece então que você é um cara preppy com alma de roqueiro?

    Exatamente! That’s it!

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