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    Retromania: cultura pop, nostalgia e os anos 80 que não acabam nunca
    Retromania: cultura pop, nostalgia e os anos 80 que não acabam nunca
    POR Redação

    oh-my-god-i-am-so-retro©Reprodução

    O site do “The Guardian” publicou um artigo bem interessante assinado por Simon Reynolds em que o crítico musical reflete sobre o tema de “Retromania”, seu mais recente livro: a fascinação da cultura pop contemporânea pela cultura pop de tempos passados, especialmente no que diz respeito ao universo da música.

    Afinal, ele escreve, o fenômeno retrô também acontece em outros meios artísticos como o cinema e a literatura, mas com uma grande diferença. No caso do cinema, apesar dos filmes de Stanley Kubrick e David Lean dos anos 1960/70 serem considerados clássicos e terem uma considerável média de alugueis em locadoras e audiência na televisão, nenhuma obra dos falecidos diretores foi sucesso de bilheteria na última década. Não que o cinema seja imune à retromania; para Reynolds, diretores como Quentin Tarantino e Jim Jarmusch fazem fortes referências a gêneros típicos de eras passadas e os remakes estão sempre aí — mas não se vêem filas no cinema para se assistir ao relançamento de um filme clássico. Mas na música, sim, as pessoas pagam para ver as sempre bem sucedidas turnês de reunião de “lendas enrugadas dos anos 1960/70”, como descreve o crítico.

    la-roux-bulletproofA cantora La Roux no clipe oitentista da música “Bulletproof” ©Reprodução

    “O pop tem uma extensa história de revivals e distorções criativas do passado musical. O diferencial da retromania contemporânea é o aspecto da recordação total, instantânea e exata que a internet possibilita”, ele analisa. “Do arquivo de shows do youtube aos incontáveis blogs de música, moda, fotografia e design, a internet é um gigantesco banco de imagens que encoraja e possibilita a réplica de estilos de época. (…) Na música especialmente, a combinação de tecnologia musical barata e o vasto acúmulo de conhecimento sobre como gravações específicas foram feitas significam que as bandas de hoje podem conseguir exatamente o som que elas procuram”. Para Reynolds, um dos efeitos dessa cultura que estimula réplicas em vez de reinterpretações naturais da evolução seria o fenômeno de revival dos anos 1980 que começou no fim dos anos 1990 e não acabou nunca. “Um amigo meu brincou que o revival durou mais do que os anos 1980 em si”, ele escreve.

    Mesmo quando a retromania não é absolutamente literal, como em rádios especializadas em clássicos, em edições especiais de discos antigos, em turnês de reunião e no arquivo histórico do youtube, o crítico observa que a mania pelo retrô rege a música pop. O atual cenário musical? Reynolds cita o exemplo da cantora Adele, cujo novo álbum “21” está na 16ª semana seguida no topo das paradas do Reino Unido. “Adele não é tão fetishista-retrô quanto Amy Winehouse (…) ou Duffy (…) mas não há dúvidas de que seu apelo “anti-Gaga” é baseado no retorno de valores passados de emotividade”, ele afirma. E quanto ao cenário alternativo? “O que você encontra é “alternativo” só no sentido de uma alternativa ao presente: Fleet Foxes, com suas barbas e baladas à moda dos LPs de Crosby, Stills & Nash; Thee Oh See e suas imaculadas fotocópias do rock de garagem dos anos 1960; (…) a atitude grunge do Yuck e o “gritpop” meio Gallagher do Brother”.

    fleet-foxesFleet Foxes ©Reprodução

    Para Reynolds, “quanto mais você se aventura no undergrond, mais a música envolve furtos do passado. Esse é um dos mistérios centrais que me levaram a escrever “Retromania”: como é que exatamente a espécie de pessoa que antes estava na vanguarda da criação da nova música (os boêmios early adopters) mudaram de papel e se tornaram antiquaristas e curadores? (…) O livro não é uma lamentação pela perda da boa música – não é que as fontes de talento tenham se esgotado, ou algo do tipo – mas ele soa o alarme para o desaparecimento de uma certa qualidade: aquela sensação “nunca ouvi isso antes” de desorientação estática causada por uma música que chega do nada e aponta para um futuro brilhante ou, pelo menos, desconhecido”.

    Ele continua: “O que parece ter acontecido é que o lugar que o Futuro ocupava no imaginário dos jovens criadores de música foi substituído pelo passado: é lá que está o romance, com a ideia das coisas que se perderam. A graça, hoje, não é a descoberta, e sim a recuperação”. Recuperação que, na cultura hipster, vai além da música e se expande para o fenômeno do vintage chic, Reynolds opina, citanto a “moda de colecionar máquinas de escrever manuais”, o “boom das roupas vintage”, o “fetiche por formatos obsoletos como o vinil e a fita cassete” e a “tendência mais emblemática da nossa era desconjuntada”: os aplicativos tipo Hipstamatic, Instagram e ShakeIt. “O que pode ser dito sobre a nossa era quando tantas pessoas acham legal usar filtros pré-desbotados de nostalgia-instantânea em imagens que um dia vão constituir seu tesouro de preciosas memórias? Quando eles olharem para o início do século 21, suas fotos vão parecer que foram tiradas duas ou três décadas antes, evocando uma era há muito perdida e pela qual eles não têm motivo algum para se sentir nostálgicos”.

    maquina-de-escrever-ubs-computadorMáquina de escrever adaptada para funcionar como teclado de computador; à venda por US$ 749 na Etsy.com ©Reprodução

    Reynolds finaliza o artigo com um questionamento: “Assim como os videogames retrô tipo o Mega Man 9, que simula uma qualidade 8-bit em um console moderno, esse aplicativos de fotos representam um paradoxo central da cultura pop moderna. Nós temos toda essa tecnologia futurista à nossa disposição, dotando-nos de habilidades que pareceriam fantásticas em 1972, mas ela está sendo utilizada como uma máquina do tempo para nos transportar para o ontem, ou para compartilhar restos de pop-cult de muito tempo atrás. Nós vivemos no futuro digital, mas estamos hipnotizados pelo nosso passado analógico. Aplicativos do tipo Hipstamatic também levantam outra questão: quando ouvirmos novamente o início do século 21, vamos escutar algo que defina a época? Ou vamos encontrar somente um emaranhado de sons reproduzidos e estilos herdados do passado?”.

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